Morreu, na madrugada desta terça-feira (15), no Hospital Sírio-Libanês, na cidade de São Paulo, o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor. Aos 81 anos, Jabor estava internado, lutando contra as complicações de um AVC.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1940, Arnaldo Jabor fez carreira inicial no jornalismo, passando depois para a direção de cinema. Seu primeiro grande sucesso foi o filme “Toda Nudez Será Castigada”, adaptação da peça homônima de Nélson Rodrigues. Na sequência, vieram filmes consagrados como: “ O Casamento”, “Tudo bem”, “Eu te amo” e “Eu sei que vou te amar”. O neorrealismo italiano e a nouvelle vague francesa foram as fontes de inspiração do diretor. No início dos anos 90, com o fim do incentivo federal para as produções cinematográficas, imposto pelo governo Collor, Arnaldo Jabor dedica-se ao jornalismo, evidenciando-se como cronista crítico de jornais e revistas importantes da cena nacional, como O Globo. Protagonizou na televisão inserções no Jornal Nacional, Fantástico e Jornal da Globo, onde destilava críticas ácidas e irônicas sobre os fatos que tomavam conta da realidade brasileira. Foi amado e odiado, como cabe aos grandes e polêmicos cronistas. Deixou, além dos filmes, livros e poemas. Numa de suas crônicas, “Adeus”, publicada em 12/04/2017, Jobor encerrou da seguinte maneira:
“Chega de análises; agora é tempo de ação – se é que a ação ainda é possível nessa época de mentiras em que um psicopata é comandante em chefe do maior exército do mundo.
Resolvi parar porque vou fazer mais um filme (meus inimigos dirão: mais um?) e estou louco para trabalhar só com a ideia de beleza que, como me disseram que Freud disse, seria a única razão para se viver.
Vou continuar escrevendo, mas sem ritmos semanais, somente “gratia artis”, talvez até tentando alguma coisa mais alentada como o romance definitivo de minha geração (rs rs rs).
Espero que eu tenha alguns méritos que possam constar de meu necrológio (que espero seja longínquo).
Espero merecer um brinde, pois trabalhei e continuarei trabalhando, com a fé igual à daqueles besourinhos que se esfalfam empurrando bolinhas de merda morro acima.
Aqui fico. Desculpem qualquer coisa.”