SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos três pessoas morreram e 700 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Mocha pela região oeste de Mianmar, informou a junta militar birmanesa nesta segunda-feira (15). A tempestade de categoria cinco –a maior na escala– é a mais intensa a atingir o país em dez anos, segundo autoridades.
O estado de Rakhine, no nordeste, foi o mais impactado. Ventos que chegaram a 210 km/h danificaram cerca de mil prédios e casas, e centenas de pessoas estão desabrigadas. Pelo menos 100 mil pessoas tiveram de ser retiradas da região e levadas para locais mais seguros, segundo a imprensa local.
Equipes trabalham para resgatar centenas de pessoas ilhadas no oeste do país, mas as buscas são dificultadas por cortes nas linhas de comunicação. À agência Reuters, um porta-voz do Exército informou que as redes civis foram “severamente interrompidas” em razão da tempestade. Em Sittwe, a maior parte das construções foi danificada, incluindo o principal hospital do município, que perdeu partes do telhado.
O Centro de Coordenação de Assistência Humanitária da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático) alertou para o potencial de um “desastre catastrófico” e informou que estava coordenando o envio de suprimentos básicos de países como Tailândia e Malásia.
Mianmar é uma das nações mais pobres da Ásia e quase 40% da população vivia abaixo da linha de pobreza antes da tempestade, de acordo com o Banco Mundial. O país também enfrenta crise política. O Exército assumiu o poder do país em 2021, por meio de um golpe de Estado. Desde então, ofensivas contra minorias étnicas e confrontos com opositores têm sido frequentes, em atos de repressão que incluem ataques aéreos e uso de armas pesadas mesmo em áreas habitadas por civis. A ONU estima que ao menos 1,2 milhão de pessoas tenham sido desalojadas pelos enfrentamentos depois do golpe.
O ciclone Mocha atingiu as costas de Mianmar e Bangladesh, no golfo de Bengala, pela primeira vez no domingo (14). Não causou grandes danos aos campos de refugiados da minoria muçulmana rohingya, como se temia, mas originou uma grande tempestade no oeste birmanês.
Em Bangladesh, milhares de trabalhadores e voluntários foram mobilizados juntamente com equipes médicas e de resgate. “Estamos concentrados em salvar vidas. As pessoas que correm o risco de deslizamentos de terra serão evacuadas”, disse Mohammad Shamsud Douza, membro do governo que lida com a questão dos refugiados.
Os ciclones, chamados furacões no Atlântico e de tufões no Pacífico, são uma ameaça frequente na costa norte do Oceano Índico, onde moram milhões de pessoas. Em 2008, a tempestade Nargis matou pelo menos 138 mil pessoas ao atravessar o delta do Irrawaddy, em Mianmar.
Segundo cientistas, a maior frequência e intensidade de fenômenos climáticos extremos está relacionada ao aquecimento global, provocado pela atividade humana.
Redação / Folhapress