O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta terça-feira (30) a criação de um gabinete de crise para acompanhar os casos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, ele também detalhou medidas para combater a situação.
“vamos fazer a interdição cautelar de todos os estabelecimentos onde houve o consumo dessas bebidas. A partir dessa interdição cautelar, vamos aprofundar as investigações com a Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda”, afirmou o governador.
Tarcísio também negou que os casos de contaminação estejam ligados à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo ele, não há evidência alguma de que o crime organizado seja o responsável pela adulteração das bebidas.
“Os inquéritos têm apontado pessoas que atuam de forma isolada em destilarias clandestinas, sem relação entre si e sem vínculo com crime organizado”, disse tarcísio.
Para Tarcísio, trata-se de um problema estrutural. O governador relatou também que as fiscalizações são feitas com frequência, ele lembrou que nesse mês de setembro foram feitas 43 mil fiscalizações realizadas em estabelecimentos comerciais no estado.
“Em 2016 houve modificação de instrução normativa da Receita Federal que tratava dos selos de bebida (IN 1637/2016, que modificou a IN 1432/2013), o que fragilizou o controle do setor. Nos últimos dias, foram apreendidas 50 mil garrafas suspeitas e 15 milhões de selos fraudados em operações.”
Na coletiva, Tarcísio disse também que serão criados canais de denúncia: o 181, da Secretaria de Segurança Pública, e um canal específico do Procon para tratar sobre esse assunto, a ferramenta já disponível no portal do órgão.
Além disso, ele afirmou que nesta terça-feira (30) ocorreu uma operação na cidade de Americana. Segundo divulgado por ele, as autoridades policiais descobriram uma destilaria clandestina e prenderam duas pessoas que estavam no local.
Aumento no número de mortes
Ainda durante a coletiva, o governo anunciou que o número de mortes atribuídas à substância subiu de três para cinco. Uma delas já foi comprovada que teve relação com o consumo de bebida adulterada, os outros casos seguem em investigação.
Segundo Tarcísio, quatro mortes ocorreram na cidade de São Paulo e uma em São Bernardo do Campo, no entanto, a suspeita é de que a vítima tenha consumido a bebida na capital paulista.
Dados do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo informam que 22 ocorrências de intoxicação por metanol foram registradas no estado. Desse número, sete casos já foram confirmados e 15 seguem em investigação. Vale destacar que esse número já inclui os óbitos em apuração.
Sinais e sintomas
- Iniciais (até 6h após ingestão): dor abdominal intensa, sonolência, falta de coordenação, tontura, náuseas, vômitos, dor de cabeça, confusão mental, taquicardia e pressão arterial baixa;
- Entre 6h e 24h: visão turva, fotofobia, visão embaçada, pupilas dilatadas, perda da visão das cores, convulsões, coma, acidose metabólica grave.
- Em casos mais graves, o paciente pode evoluir para cegueira irreversível, choque, pancreatite, insuficiência renal, necrose de gânglios da base com tremor, rigidez e lentidão dos movimentos.
Alerta
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar à morte.
Os principais sintomas da intoxicação são: visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).
Em caso de identificação dos sintomas, é necessário buscar imediatamente os serviços de emergência médica e contatar pelo menos uma das instituições a seguir:
- Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
- Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país.
É importante identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado. A demora no atendimento e na identificação da intoxicação aumenta a probabilidade do desfecho mais grave, com o óbito do paciente.
*Com informações de Agência Brasil*
