SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O MPF (Ministério Público Federal) abriu uma investigação para apurar possível prática de racismo no caso da mulher negra Samantha Vitena Barbosa que foi expulsa de um voo da Gol no último dia 28.
A investigação é para esclarecer possível ocorrência de racismo e violação dos direitos das mulheres no caso que envolve Samantha, segundo o MPF.
O objetivo da apuração é tomar as “providências compensatórias, reparatórias e de responsabilização, no âmbito cível, para a proteção dos direitos coletivos eventualmente violados”, caso seja comprovado que houve violações na expulsão da passageira.
O MPF oficiou a Gol para que a empresa apresente detalhes do ocorrido naquele voo, solicitou o envio de uma cópia da regulamentação que orienta seus funcionários em situações desse tipo e esclarecimentos sobre o treinamento e qualificação dos empregados da companhia em relação ao tratamento dispensado aos passageiros para evitar casos de discriminação.
O órgão também oficiou a Anac (Agência Nacional de Aviação) para que se manifeste sobre o episódio e que esclareça quais os “poderes da equipe de bordo”. Ainda, requisitou à Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia que solicite os detalhes sobre a atuação da PF no ocorrido.
Além das investigações na esfera cível, o MPF também apura a suposta prática de racismo na área criminal.
RELEMBRE O CASO
Samantha Vitena Barbosa foi expulsa de um voo da Gol que seguiria de Salvador (BA) a Congonhas (SP) no dia 28 de abril. Ela foi retirada de dentro da aeronave por agentes da Polícia Federal.
Antes de ser removida, ela se dirigiu aos demais passageiros para explicar que o problema começou por quererem obrigá-la a despachar uma mochila com seu notebook. O transporte de bagagens de mão com eletrônicos é permitido, mas a companhia teria alegado falta de espaço na aeronave. Ela explica que temia avarias ao aparelho e, por isso, alocou a mochila no bagageiro, com ajuda de outros dois passageiros.
Agentes da Polícia Federal entraram na aeronave para retirá-la, segundo um dos agentes, por “determinação do comandante”. A Anac recomenda que eletrônicos como notebook ou carregador portátil sejam levados no compartimento de mão – a ideia seria evitar avarias e “ativação não intencional”.
A abordagem gerou revolta em outros passageiros, que publicaram vídeos do flagrante nas redes sociais. Uma das passageiras mostra que foi questionar o motivo da abordagem e o agente a “convida” a também ir à sede da Polícia Federal. “É um absurdo, isso não pode acontecer. Levaram a mulher à força, gente”, é possível ouvir no registro.
Procurada pela reportagem, a Gol justificou a expulsão. Em nota, a empresa diz que, diante de um volume expressivo de bagagens a serem acomodadas a bordo, “clientes colaboraram despachando volumes gratuitamente” e que “mesmo com todas as alternativas apresentadas pela tripulação, uma cliente não aceitou a colocação da sua bagagem nos locais corretos e seguros destinados às malas e, por medida de segurança operacional, não pôde seguir no voo”.
Redação / Folhapress