Negociações para cessar-fogo continuam; Kiev e Kharkiv voltam a ser bombardeadas

Guerra pode deixar ucranianos em situação abaixo da linha da pobreza, diz ONU Foto: Reprodução Nexta TV

Kiev registrou novas explosões durante a madrugada de hoje. A guerra entrou em seu vigésimo primeiro dia e os bombardeios começaram logo depois da imposição de um toque de recolher de 35 horas de duração.

Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, voltou a ser alvo hoje de bombardeios da Rússia em áreas residenciais. Duas pessoas morreram na explosões Negociadores da Rússia e da Ucrânia voltam a se reunir nas próximas horas em busca de um acordo para o cessar-fogo.

Nos Estados Unidos, o Senado aprovou na noite de ontem uma resolução que classifica o presidente da Rússia, Vladimir Putin, como criminoso de guerra.

Os Estados Unidos também anunciaram que vão destinar o equivalente a 68 bilhões de reais em assistência humanitária à Ucrânia e se comprometeram a enviar suprimentos, produtos de higiene, água potável e alimentos.

A União Europeia reservou mais de 10 mil leitos hospitalares para ucranianos refugiados.
Os 27 países do bloco vão receber pacientes que aguardam tratamento. Dezenas de crianças foram transferidas à Itália.

O governo ucraniano informou que 29 mil pessoas já foram retiradas de áreas de conflito por corredores humanitários. Segundo a ONU, 3 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.

Ucrânia fora da Otan
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu que o país não tem portas abertas para ingressar na aliança militar do Ocidente. Ele intensificou as críticas à falta de ajuda da Otan para conter a invasão russa.

Zelensky recebeu ontem , em Kiev, a visita dos primeiros-ministros da República Tcheca, da Polônia e da Eslovênia. No encontro, foi defendida a criação de uma força de paz internacional em solo ucraniano.

Putin
Já o presidente russo Vladimir Putin disse em uma conversa por telefone com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que a Ucrânia não demonstra ter uma atitude séria para encontrar soluções que sejam mutuamente aceitáveis para o fim da guerra.

Putin também aproveitou a ligação para criticar a União Europeia por, segundo o presidente russo, ter ignorado a ação das forças ucranianas contra a região separatista de Donetsk, causando a morte de civis.

Calote
A Rússia deve dar hoje um calote em sua dívida externa. Mesmo tendo 630 bilhões de dólares em reservas internacionais, o país é alvo de sanções pela invasão da Ucrânia e não consegue ter acesso à metade deste valor.

O país precisa pagar 117 milhões em juros de um título emitido em dólar. Se não honrar o pagamento, será a primeira vez que a Rússia entra em calote externo desde a Revolução de 1917, quando os bolcheviques não reconheceram a dívida do período czarista, segundo reportagem da CNN Business.

Nem mesmo na crise das dívidas dos anos 1990, quando a economia do país foi a colapso em 1998, o país entrou em moratória externa. Na época, o calote foi só em sua dívida interna.

Ucranianos abaixo da linha da pobreza
A Guerra na Ucrânia ameaça jogar 90% da população do país para baixo da linha da pobreza e acabar com décadas de avanços sociais obtidos nos últimos 18 anos na região do Leste Europeu.

Na prática, mais de 36 milhões de pessoas vão viver com menos de 5 dólares e 50 centavos por dia, o equivalente a 28 reais. O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que divulga hoje as primeiras estimativas do impacto econômico e social do conflito. A informação foi publicada em primeira mão no Brasil pelo jornalista Jamil Chade no Portal UOL.

A guerra vai afetar diretamente 18 milhões de pessoas, com pelo menos 7 milhões de deslocados internos. No pior dos cenários, o PIB do país teria um tombo de 60 por cento.

A guerra provocou o fechamento de 50 por cento das empresas ucranianas, enquanto a outra metade é forçada a operar muito abaixo da capacidade.

Uma das saídas seria o pagamento de uma espécie de auxílio emergencial, que custaria 250 milhões de dólares por mês.

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