SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A névoa alaranjada causada por incêndio florestais no Canadá estacionou nesta quinta-feira (8) sobre uma grande área no leste dos Estados Unidos, aumentando as preocupações sobre a incidência de problemas respiratórios. Segundo autoridades, a situação permanecerá crítica pelo menos até domingo (11).
Numa tentativa de conter a crise, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse ter ordenado às agências de emergência americanas que respondam com agilidade aos pedidos de ajuda feitos pelo país vizinho para combater as chamas. O Canadá tem lutado contra uma temporada de incêndios, e a fumaça do fogo foi levada para o sul nesta semana, em direção a algumas das cidades mais populosas da região.
“Ordenei que respondam prontamente aos pedidos por bombeiros adicionais e mais recursos de combate aos incêndios, como aviões-tanque”, disse Biden em comunicado divulgado pela Casa Branca. Os EUA enviaram, nesta quinta, 600 bombeiros para ajudar o governo canadense a combater os incêndios.
O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA estendeu nesta quinta os alertas de qualidade insalúbre do ar na costa leste e em regiões do interior, incluindo nos estados de Ohio, Indiana e Michigan. A situação mais crítica, contudo, era a da capital americana, Washington.
A prefeita da capital, Muriel Bowser, anunciou uma série de medidas para restringir a circulação de pessoas devido à qualidade do ar “muito insalubre”. Todos os parques da cidade foram fechados. Um concerto ao vivo e uma exibição de filme ao ar livre que estavam programados no Franklin Park, no centro, foram cancelados. O Zoológico Nacional não pôde receber visitantes, e partidas de beisebol profissionais foram adiadas. “É provável que o problema continue ou piore nesta sexta”, disse Bowser nas redes sociais.
Autoridades de saúde têm enfatizado alertas de que passar muito tempo ao ar livre pode causar problemas respiratórios devido aos níveis altos de partículas finas na atmosfera. Em Nova York, um leve cheiro de madeira queimada persistia, mesmo quando a fumaça se dissipou parcialmente durante o dia.
A neblina e a baixa visibilidade obrigaram as autoridades do setor de aviação a cancelar dezenas de voos para os principais aeroportos de Nova York e Filadélfia pelo segundo dia consecutivo. Em Nova Jersey, todas as viagens com destino ao aeroporto de Newark atrasaram.
As escolas na costa leste americana voltaram a suspender as atividades ao ar livre, incluindo práticas esportivas e o recreio. Já a Casa Branca adiou para sábado as celebrações do Mês do Orgulho LGBTQIA+ –havia a expectativa de que o evento nesta quinta fosse um dos maiores da história.
Trata-se do pior caso de fumaça de incêndio florestal cobrindo a costa leste dos EUA em mais de 20 anos, de acordo com o serviço de previsão meteorológica AccuWeather. Peter Mullinax, funcionário do Serviço Nacional de Meteorologia, disse que a situação crítica deverá permanecer pelo menos até domingo, quando há chance de chuvas e correntes de ar poderão mudar a direção dos ventos.
A situação continua crítica também no Canadá, onde mais de 20 mil pessoas tiveram de ser retiradas de suas casas devido aos incêndios. Mais da metade da população impactada está em Québec. Nesta quinta, o governo se preparava para retirar outras 4 mil. “Quanto mais o tempo passa, maior o desafio”, disse o premiê da província, François Legault. “Com as tropas que temos, podemos cobrir cerca de 40 incêndios ao mesmo tempo, mas há 150 ativos. Temos que priorizar o que é urgente”, acrescentou.
Desde o início do ano, foram registrados 438 incêndios em Québec, contra uma média de 200 no mesmo período dos últimos dez anos. O número de hectares queimados nesta época do ano também está muito acima da média, segundo as autoridades.
O Canadá tem enfrentado nos últimos anos eventos climáticos extremos, cuja intensidade e frequência aumentaram devido às mudanças climáticas, segundo especialistas. Os incêndios que assolam o país e os EUA são “outro sinal preocupante de como a crise climática afeta as nossas vidas”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
Redação / Folhapress