Novos aparelhos prometem combater a flacidez de quem perde muito peso

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em inglês já existe até uma expressão para designar o olhar fundo, o rosto esvaziado e o pescoço cheio de dobras de quem perdeu muito peso com o uso de remédios à base da semaglutida: é a “Ozempic face” (cara de Ozempic, em português). E não é sem um tanto de “schadenfreude” que esse termo foi cunhado, obviamente.

Muito chique usar uma palavra em alemão para explicar um termo em inglês. “Schadenfreude” não tem uma boa tradução em português, e significa a satisfação que uma pessoa sente por causa do infortúnio de outra. Uma espécie de vingancinha emocional, aquele “bem-feito” que a gente fala só em pensamento quando percebe que uma pessoa de quem a gente não vai com a cara se deu mal. “Espírito de porco” talvez seja um termo em português com algum parentesco.

Mas de volta ao assunto original: as pelancas que despencam do corpo e do rosto de pessoas que já não podem ser chamadas de jovenzinhas e perdem muito peso em pouco tempo. É nesse grupo que se concentra muitos consumidores de Ozempic e seus semelhantes, que custam perto de um salário mínimo por mês.

A cara de Ozempic seria o efeito colateral perverso por ter atingido o peso ideal na idade adulta, sem grandes esforços. Porém, ela é uma ficção. Uma invenção, uma mentira. Qualquer pessoa com mais idade que perca muito peso, seja por causa de injeções semanais na barriga ou porque adotou um estilo de vida saudável, vai enfrentar esse mesmo infortúnio.

“A flacidez acontece com todo mundo, é provocada pelo envelhecimento. A perda de peso só evidencia isso, porque a pele fica apoiada em uma camada de gordura. Quando essa gordura vai embora, a flacidez aparece”, diz a dermatologista Juliana Mendonça, formada pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto, com especialização no Hospital das Clínicas da universidade e associada às sociedades brasileiras de dermatologia e cirurgia dermatológica, além da Academia Americana de Dermatologia.

Com o passar do tempo a espessura da nossa pele também muda, fica mais fina. Além disso, o organismo perde a capacidade de renovar as células, de produzir colágeno e de manter o lado de fora do nosso corpo hidratado. Se a gente ainda somar a diminuição da camada de gordura, despenca tudo mesmo. Mas nem tudo está perdido, há maneiras de melhorar o aspecto da pele das neo-magricelas da geração Ozempic.

“Tem que fazer tratamentos que cuidem da pele de fora para dentro, com essas máquinas que surgem toda hora por aí, mas também de dentro para fora”, afirma a médica.

Isso quer dizer que, para combater a flacidez é preciso ingerir colágeno todos os dias. Não basta estimular a produção com aparelhos. O nosso corpo também deixa de produzir essa proteína conforme envelhecemos, e, junto com a elastina, são os dois componentes mais importantes para a firmeza da pele.

E não adianta tomar qualquer cápsula de colágeno que estiver à venda na farmácia. “O ideal é ingerir peptídeos de colágeno, o colágeno fracionado. Não tem esse tipo de colágeno em cápsula comprada pronta no Brasil. A gente ou manda fazer em farmácia de manipulação ou compra em pó nas farmácias”, diz Juliana.

Uma das marcas mais reconhecidas de colágeno em pó disponíveis no Brasil é a Verisol, que costuma ser usada nos suplementos de farmácia, mesmo que tenham outros nomes fantasia.

A tecnologia dos aparelhos que estimulam a produção de colágeno não para de avançar. O custo desses tratamentos não é baixo, mas a promessa é quase irresistível. “A última novidade no mercado é uma tecnologia chamada HiFes, que também age no músculo, não só na pele, e melhora muito o aspecto tanto da celulite quanto da flacidez”, afirma a médica.

A maior vantagem dessa nova técnica é que os tratamentos costumam ter apenas seis sessões, em vez das 10 dos aparelhos mais antigos. O preço não é tabelado, varia de consultório para consultório, clínica para clínica, mas uma apuração com três dermatologistas bastante renomados de São Paulo mostra que o preço de cada sessão varia de R$ 1.000 a R$ 2.500, dependendo da área.

Esses aparelhos já chegaram a alguns consultórios médicos de ponta brasileiros, mas por enquanto apenas para tratamentos corporais. Já existe uma versão dessa tecnologia para a pele do rosto, e a previsão é que as primeiras máquinas desembarquem no país no segundo semestre.

Há muitas outras possibilidades de aparelhos para combater o efeito macabro do emagrecimento tardio. Todas as clínicas de estética, que parecem surgir uma nova a cada esquina, oferecem alguma maneira de combater a flacidez.

No site da clínica Onodera, que tem vários endereços pelo Brasil, há dois tipos de tratamentos oferecidos para combater a flacidez, chamados de Powershape e Trilipo.

Ambos combinam sistema de sucção, luz de LED e radiofrequência com laser para quebrar as células de gordura, estimular as fibras elásticas e aumentar a circulação sanguínea, o que faz, teoricamente, com que a parte mais superior da pele fique firme e lisinha, que nem bumbum de bebê.

Os tratamentos costumam ser prescritos depois de uma avaliação corporal gratuita e precisam de 8 a 10 sessões para se alcançar o efeito final. O preço varia de R$ 340 a R$ 450 por sessão, dependendo da região do corpo.

Para o rosto, por enquanto, os mais indicados são os injetáveis. Há os bioestimuladores de colágeno, várias microinjeçõezinhas aplicadas em todo o rosto que dão como que uma ordem para o nosso organismo produzir mais colágeno naquela área e, com isso, fazer a pele parecer mais esticada.

E há os polêmicos preenchedores, principalmente o ácido hialurônico, responsável pelas maçãs do rosto altíssimas e as bochechas gorduchas que circularam por aí nas últimas décadas. “Hoje em dia usamos menos e melhor os preenchedores, porque entendemos mais como funciona a anatomia da face”, afirma Juliana. “Ainda usamos o ácido hialurônico em pontos de sustentação do rosto, o efeito é muito mais sutil do que os rostos inchados de antigamente”.

E os resultados de nenhuma dessas técnicas duram para sempre. Em um ano, o corpo e o rosto voltam a ser como eram. Aí, é preciso fazer no mínimo uma sessão de manutenção. Não existe milagre. Pelo menos não nessa área.

TETÉ RIBEIRO / Folhapress

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