Após quatro vice-campeonatos, a Agremiação da Grande Rio, fundada em 1988, foi consagrada pela primeira vez a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro na tarde desta terça-feira, 26. A escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, apresentou a história e a simbologia do orixá Exu. Um dos objetivos foi desmistificar o orixá, identificado pela cultura ocidental como representante do mal, e combater a intolerância religiosa.
Primeiro casal de mestre sala e porta bandeira da Grande Rio, Daniel Werneck e Taciana Couto, brilhou na Marquês de Sapucaí Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
A agremiação enfrentou quase nenhum problema durante o desfile no último sábado, 23. Além de nenhum carro alegórico quebrar, a história foi narrada com maestria, as fantasias e alegorias esbanjavam luxo e o samba, embora repleto de palavras em dialetos africanos (um trecho de um dos refrões era “adakê exu, exu, ê, odará / ê bará ô, elegbará!”), contagiou o público, que em diversos setores das arquibancadas entoou gritos de “é campeã”.
O resultadon foi conhecido antes mesmo de finalizar o último quesito. Foram avaliados: Fantasia, Harmonia, Comissão de frente, Samba-enredo, Bateria, Alegorias e adereços, Enredo, Mestre-sala e porta-bandeira.
Mancha Verde é a campeã do carnaval de SP em 2022
Com o enredo sobre o Planeta Água, a Mancha Verde se sagrou campeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo de 2022 na tarde desta terça-feira, 26. Colorado do Brás e Vai-Vai ficaram nas últimas posições e foram rebaixadas.
Em reunião na segunda-feira, 25, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP) havia decidido em plenária por punições de 0,5 ponto para as escolas Acadêmicos do Tatuapé (por ter utilizado maquinário para empurrar um carro alegórico que teve problemas técnicos) e a Colorado do Brás (por exibir a imagem de uma marca de roupa na fantasia de um componente, o que foi avaliado como “merchandising”).
Mancha Verde trouxe o tema “Planeta Água” para a avenida a fim de reforçar a importância da preservação do meio ambiente. O enredo tem duas vertentes: religião e escassez. Foto: Alex Silva/ Estadão
Na reunião da Liga-SP na segunda, também foram selecionadas as notas da comissão de frente como critério de desempate. Ao todo, cada quesito foi avaliado por quatro jurados, com o descarte da menor nota em cada categoria.
A apuração começou pouco após as 16h20. “Com todos obstáculos e adiamentos, apresentamos um espetáculo maravilhoso na posta”, disse a todos o presidente da Liga-SP, Sidnei Carriuolo. Antes da leitura das notas, foi feito um minuto de silêncio em memórias às vítimas da covid-19 nas escolas, seguido de palmas.
A apuração começou pelo quesito Harmonia, no qual todas as escolas pontuaram com a nota máxima após o descarte da mais baixa. Logo no primeiro quesito, componentes de algumas escolas, como a Tom Maior, a Gaviões da Fiel e a Rosas de Ouro, celebravam individualmente com um grito ou palmas.
O quesito seguinte foi o de mestre-sala e porta-bandeira, em que a Vai-Vai perdeu pontos. O primeiro casal da escola foi substituído pelo segundo após a porta-bandeira passar mal. O terceiro foi enredo. As únicas que não pontuaram apenas com notas 10 foram a Dragões da Real e a Águia de Ouro, ambas com um 9,9.
O regulamento prevê notas de 9,0 a 10,0, com uma escala decimal após a vírgula. As notas foram apresentadas na seguinte ordem: harmonia, mestre-sala e porta-bandeira, enredo, evolução, bateria, fantasia, alegoria, samba-enredo e comissão de frente. Com terço em mãos ou a cabeça baixa, integrantes da Mocidade e da Acadêmicos de Tucuruvi anotavam cada nota.
Ao lado, à direta, o Vai-Vai ouvia em silêncio. A presidente da Mocidade, Solange Rezende, mexia a mão direta enquanto segurava terços coloridos com a outra. Diferentemente das outras duas primeiras colocadas, a Tucuruvi não estava na lista das favoritas deste carnaval e celebrava cada 10. O resultado dos Grupos de Acesso I e II será anunciado a partir das 20 horas.
O desfile das campeãs está marcado para a noite desta sexta-feira, 29, com as cinco primeiras colocadas do Grupo Especial, a campeã e a vice-campeã do Grupo de Acesso I e a primeira colocada do Grupo de Acesso II.
As entradas individuais custam de R$ 70 (arquibancada A, E e F) a R$ 400 (camarote) e estão à venda no site Clube do Ingresso (clubedoingresso.com) e nas bilheterias do Anhembi, no portão 1, diariamente, das 12 às 20 horas.
Apesar de algumas terem atrasado o início a entrada na pista e enfrentado problemas técnicos, todas as 14 escolas do grupo especial desfilaram dentro do tempo máximo, de 65 minutos. Neste ano, ainda estavam em vigor algumas regras de transição para a pandemia, como a redução para quatro (em vez de cinco) carros alegóricos e de cerca de 25% no máximo de componentes.
Segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), ligada à Prefeitura, 64 mil pessoas assistiram aos desfiles do Grupo Especial, 29 mil na sexta-feira, 22, e 35 mil no sábado, 23.
Agência Estado