Piloto de avião que invadiu espaço aéreo de Washington estava inconsciente, diz jornal

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O piloto do avião que caiu nos Estados Unidos no fim de semana teria sido visto aparentemente inconsciente durante o voo, com o corpo tombado para a direita dentro da cabine. As informações são de duas pessoas familiarizadas com a investigação sobre o acidente e que, sob condição de anonimato, falaram com o jornal americano The Washington Post.

No último domingo (4), autoridades dos EUA enviaram caças a jato para perseguir uma aeronave Cessna Citation que havia violado o espaço aéreo de Washington e que acabaria caindo em um terreno montanhoso no sudoeste do estado da Virgínia.

O avião estava registrado junto à empresa Encore Motors, com sede na cidade de Melbourne, na Flórida. O dono da empresa, John Rumpel, disse nesta segunda-feira (5) que, segundo as autoridades, todas as pessoas a bordo –incluindo sua filha, sua neta de dois anos e meio e uma babá– morreram. A polícia ainda teria lhe dito que as causas da queda não estão claras, mas que provavelmente ocorreu uma despressurização no interior da aeronave.

A informação coincide com a hipótese de especialistas baseada em informações já públicas de que o piloto teria desmaiado e a aeronave voado no piloto automático até o combustível acabar.

O Cessna saiu de um aeroporto em Tennessee, no sudeste dos EUA, no domingo, e iria até Nova York, no nordeste americano, mas no meio do trajeto começou a voltar para o sul, passando pelo espaço aéreo de Washington, até cair na Virgínia. As fontes que tiveram contato com a investigação dizem que perdeu-se o contato com o avião 15 minutos depois do primeiro sobrevoo pela Virginia, na ida.

O espaço aéreo de Washington é restrito e protegido por rigorosas medidas de segurança devido à presença das instituições mais importantes dos EUA, como a Casa Branca, sede da Presidência, o Capitólio, sede do Legislativo federal, e o Pentágono, sede da Defesa. Qualquer incidente aéreo na capital americana, portanto, gera uma resposta imediata das forças de segurança -neste domingo, o envio de seis caças F-16.

Segundo o Washington Post, os aviões receberam uma autorização rara para voar em velocidades supersônicas sobre uma área urbana para alcançar o Cessna. “É importante que as aeronaves de resposta, neste caso os F-16, alcancem a situação o mais rápido possível”, justificou o porta-voz do Pentágono, tenente-coronel Devin Robinson.

Mesmo assim, nem os controladores de tráfego aéreo nem os pilotos dos caças conseguiram estabelecer contato com o avião, que caiu por volta das 15h30 em uma área remota e sem serviço de celular.

Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, o presidente Joe Biden foi mantido informado durante toda a operação, feita de acordo com os protocolos previstos para essa situação. “Tente ligar para o rádio, comunique-se com o piloto. Isso não estava funcionando. Tornaram-se visíveis. Isso não funcionou. E tragicamente acabou, obviamente, no acidente e na morte de todos a bordo”, afirmou Kirby, segundo o Post.

A expectativa é que um relatório preliminar seja divulgado em três semanas e o documento final fique pronto em pelo menos um ano. Se as hipóteses da causa do acidente se confirmarem, resta saber por que a aeronave despressurizou e por que o piloto não usou o sistema de oxigênio.

Embora raros, incidentes envolvendo pilotos não responsivos não são inéditos. Nos EUA, o jogador de golfe Payne Stewart morreu em 1999 junto com outras quatro pessoas depois que a aeronave em que ele estava atravessou milhares de quilômetros com o piloto e os passageiros inconscientes. O avião acabou caindo no estado da Dakota do Sul, sem sobreviventes.

Outro episódio ainda mais grave ocorreu na Grécia, em 2005. Um Boeing 737 da companhia cipriota Helios colidiu com uma montanha nas proximidades de Atenas. Antes da colisão, em que as 121 pessoas a bordo morreram, o avião havia perdido o contato com a torre de controle, que então enviou dois caças F-16 para escoltá-lo. Pouco tempo depois, a Aeronáutica grega informou à torre do aeroporto internacional ateniense que o Boeing tinha explodido nas montanhas. Investigações posteriores concluíram que, devido a uma despressurização da aeronave, toda a tripulação estava inconsciente durante o voo.

Redação / Folhapress

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