SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Os pilotos da Fórmula 1 estão descontentes com a redução de duas zonas de DRS em Miami, temendo uma corrida monótona neste domingo (7). A mudança foi determinada pela Federação Internacional de Automobilismo para evitar que as ultrapassagens sejam fáceis demais, mas os pilotos dizem que, com os carros deste ano, é mais difícil chegar perto o suficiente para ter uma chance de manobra.
Em Miami, que tem três zonas de DRS, a ativação será 75m mais adiante do que no ano passado em duas delas. Essa decisão foi tomada tendo o que se viu ano passado como base. O GP de Miami de 2022 teve 52 ultrapassagens, ficando acima da média da temporada.
É normal que a FIA faça esse tipo de ajuste, mas isso gerou discussão entre os pilotos em Miami porque também houve uma redução na última corrida, no Azerbaijão, e a avaliação deles foi de que a prova não foi muito movimentada justamente por isso.
Os pilotos tentaram reverter isso na reunião que sempre acontece às sexta-feiras após os treinos livres e que durou mais de uma hora em Miami, mas a FIA disse confiar nos dados que tem. Como apontou Fernando Alonso, os pilotos que têm carros mais lentos nas retas tendem a reclamar mais, e cabe à federação buscar uma solução para todos.
“É difícil prever porque, com todos os dados que a FIA tem, eles sempre fazem pequenos ajustes em relação ao DRS. Miami era o circuito mais fácil de se ultrapassar ano passado e por isso eles diminuíram a zona em 75m. Temos de acreditar nos dados da FIA. As opiniões de cada equipe, de cada piloto, vão ser diferentes. Hamilton vai querer que a zona de DRS seja mais longa, para a Red Bull até sobra reta porque eles ultrapassam muito fácil”, comparou o espanhol, cuja Aston Martin é, como a Mercedes, um dos carros que sofrem nas retas.
O DRS é um dispositivo para ajudar as ultrapassagens e que só pode ser usado quando um carro está a menos de 1s do rival. A F1 está tentando se livrar aos poucos dele, mas isso está provando ser um desafio. Em 2022, o regulamento técnico mudou para que o carro gerasse menos turbulência e dependesse menos do DRS, e isso funcionou no primeiro ano, com aumento expressivo do número de ultrapassagens. É justamente isso que está fazendo a FIA diminuir a extensão das zonas de ativação. O problema é que, com a evolução dos carros, a turbulência está voltando.
FALTA DE ADERÊNCIA DO ASFALTO FAZ SUAS VÍTIMAS EM MIAMI
Outro desafio deste final de semana é ser preciso. O asfalto em Miami foi totalmente refeito, mas, pelo menos no primeiro dia de atividades de pista, a aderência deixou a desejar, e algo que aconteceu ano passado voltou a ocorrer: é só sair um pouco da trajetória que é difícil segurar o carro.
Que o diga Charles Leclerc, que perdeu a traseira e bateu, deixando de fazer sua simulação de corrida. Os pilotos da Mercedes foram outros que sofreram bastante com a falta de aderência. A situação deve melhorar ao longo do final de semana, com a evolução da pista, mas também existe a possibilidade de chuva no domingo, que tem crescido.
Quem parece alheio a todos os perigos de Miami é Max Verstappen, que desta vez não tem o companheiro Sergio Perez o incomodando em termos de ritmo. O mexicano disse ter testado algumas peças que não funcionaram como deveriam em sua Red Bull na sexta-feira e, com isso, não conseguiu se preparar como gostaria.
Perez, que está a seis pontos de Verstappen no campeonato, tem mais uma chance de se preparar no último treino livre antes da classificação, 13h30 deste sábado (6). A definição do grid de largada será às 17h.
JULIANNE CERASOLI / Folhapress