SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um policial militar deu um soco no rosto de uma mulher de 70 anos em Igaratá, no interior de São Paulo, durante o atendimento de uma ocorrência envolvendo a disputa de um terreno com um vizinho.
O caso aconteceu nesta terça (30). Dois filhos da idosa, de 41 e 48 anos, também foram agredidos pelos PMs na ocorrência, e um homem que filmou a ação dos policiais foi intimidado.
Nas imagens é possível ver a idosa, identificada como Vilma de Oliveira, ao redor de dois PMs. Um deles já havia rendido um dos filhos dela, que estava no chão e recebia um mata-leão, enquanto o outro agredia o homem com golpes na região da cabeça.
Vilma então se aproxima e dá um tapa nesse policial, que levanta a cabeça, olha para ela e desfere um soco em seu rosto.
Com a força do murro, a mulher imediatamente cai no chão. O policial leva a mão em direção à própria arma e diz: “Agora vou dar um tiro”, mas recua e desiste de sacar a arma.
Nesse instante ele vai em direção ao homem que está filmando a ação e tenta pegar o telefone. O homem repete algumas vezes: “Não ‘rela’ no meu celular.”
O policial então diz que vai levar o homem que está filmando para a delegacia, e ele responde que vai mesmo, por ser testemunha do que aconteceu ali.
Os PMs voltam para cima do homem que já estava rendido e algemado e continuam o agredindo, inclusive com chutes.
Outra mulher aparece na cena e pede para o policial parar de gritar com a idosa –ela se identifica como filha dela. Ela aparece ao telefone, dizendo a alguém que o PM bateu na senhora.
A Polícia Militar foi procurada, mas não respondeu até a publicação deste texto.
Já a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que o caso foi registrado na Delegacia de Igaratá, onde foi aberto um inquérito para investigar os fatos. Ainda segundo a SSP, os PMs disseram que foram agredidos.
“Os agentes relataram que, no local, foram hostilizados e agredidos pelo grupo. A senhora foi atendida no pronto-atendimento da cidade e liberada. Todos os envolvidos, incluindo os policiais, passaram por exames de corpo de delito.”
Em entrevista ao programa Bom Dia SP, da TV Globo, Vilma de Oliveira se queixou da situação.
“O vizinho, em vez de me chamar e falar ‘dona Vilma, eu vou pegar um pedacinho [do terreno] da senhora para endireitar o muro’, eu não ia nem ligar. Mas ele fez por conta própria. A polícia, em vez de me defender, me agrediu”, disse.
Na mesma entrevista, os irmãos disseram que, no caminho até a delegacia, os PMs os agrediram novamente.
enedito dos Santos, 41, disse que levou vários golpes na cabeça.
“Conseguiram prender a gente, algemar, me deram mata-leão, desmaiei. No meio do caminho pararam e fizeram isso”, disse, apontando para o rosto com diversos hematomas. “Eu estava algemado e encostado na viatura, só bateram de um lado.”
O irmão, Luciano dos Santos, 48, afirmou que eles não estavam armados.
A reportagem questionou a SSP sobre o relato de agressão dentro da viatura feito pelos irmãos, mas não obteve resposta.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress