Postos de combustíveis, motéis, empreendimentos imobiliários e lojas de franquia estão entre os alvos de investigação que apura esquema de lavagem de dinheiro ligado a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A Operação Spare foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (25) pelo Ministério Público de São Paulo, Receita Federal e pela Polícia Militar.
Segundo a Receita, 267 postos ainda ativos movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram R$ 4,5 milhões em tributos federais, o equivalente a 0,1% do total. Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
A operação desta quinta é um desdobramento da Operação Carbono Oculto, de agosto. As buscas, solicitadas à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), teriam ocorrido em endereços ligados ao empresário Flávio Silvério Siqueira e à empresa BK Bank, nas cidades de São Paulo, Santo André, Barueri, Campos do Jordão, Osasco, Santos e Bertioga.
O escritório Fernando José da Costa Advogados, responsável pela defesa do BK Bank, negou que foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços vinculados à instituição de pagamento.
“O BK Bank é regulado e autorizado pelo Banco Central do Brasil, não possuindo qualquer relação com o crime organizado ou com as pessoas apontadas como investigadas. A instituição reafirma, por fim, que vem colaborando integralmente com as autoridades competentes”, diz o escritório de defesa, em nota.
A investigação aponta que máquinas de cartão apreendidas em casas de jogos clandestinos, em Santos, estavam registradas em nome de postos de combustíveis. O rastreamento revelou que os valores eram desviados para uma instituição de pagamento ligada ao esquema, responsável por ocultar a origem ilícita. Segundo a Receita, o dinheiro entrava no setor formal por meio de fintechs e, entre 2020 e 2024, empresas envolvidas movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, emitindo apenas R$ 550 milhões em notas fiscais.
Segundo o Gaeco, a partir da apreensão dessas máquinas de cartão foram realizadas apurações que levaram à identificação de Silvério como responsável pela lavagem do dinheiro, assim como o uso do BK Bank para essa finalidade.
Os investigadores apontam que parte do lucro da organização criminosa é proveniente de crimes de adulteração de combustíveis, com postos vinculados a Silvério. As irregularidades envolveriam também outras pessoas físicas e jurídicas, alvos da operação desta quinta. A defesa dos suspeitos não foi localizada até a publicação desta reportagem.
Mais de 60 motéis também foram identificados nas investigações, a maioria em nome de “laranjas”, com movimentação de R$ 450 milhões no mesmo período. Restaurantes nos estabelecimentos também teriam participado do esquema, sendo que um deles registrou receita de R$ 6,8 milhões em dois anos e distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros.
Segundo a Receita, com os recursos obtidos por meio do esquema, os investigados adquiriram imóveis e bens de alto valor, entre eles um iate, helicópteros, um Lamborghini Urus e terrenos onde estão localizados diversos motéis, avaliados em mais de R$ 20 milhões.



