SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Portugal foi um dos países europeus onde o preço das casas mais subiu nos últimos anos. De acordo com um novo relatório regional do FMI (Fundo Monetário Internacional), o valor dos imóveis dobrou desde 2015.
Segundo a entidade, a situação lusitana não é isolada no continente, onde o descompasso entre a valorização dos imóveis e os rendimentos da população tem vindo a se acentuar, sobretudo após a pandemia da Covid-19.
“Os mercados imobiliários mostram sinais crescentes de sobrevalorização em toda a Europa. Os preços reais das casas duplicaram desde 2015 na República Tcheca, Hungria, Islândia, Luxemburgo, Holanda e Portugal”, diz o documento.
Modelos utilizados pelo FMI para analisar os preços das casas e os fatores de valorização indicam que, na maioria dos países europeus, há “uma supervalorização de 15% a 20%”.
O Fundo Monetário Internacional salientou ainda os impactos do aumento do custo de vida no orçamento das famílias, sobrecarregadas com pressão a inflacionária e o aumento do preço das hipotecas devido à elevação das taxas de juros.
“O aumento do custo de vida e das taxas de hipoteca estão esticando os orçamentos das famílias, que podem se deteriorar ainda mais se ocorrerem choques adicionais. A parcela de famílias que poderiam ter dificuldades para arcar com despesas básicas (alimentos, serviços públicos, aluguéis, pagamentos de dívidas) provavelmente aumentará 10 pontos percentuais em 2023, representando cerca de 25% da dívida hipotecária”, diz o relatório.
O FMI destaca, no entanto, que os preços no mercado imobiliário já dão sinais de diminuição em alguns países.
Em Portugal, o aumento expressivo do preço dos imóveis residenciais, tanto para a venda quanto para aluguel, já é considerado uma crise de grandes proporções.
Nos últimos dois meses, várias cidades portuguesas tiveram grandes manifestações pelo direito à habitação.
Para fazer tentar enfrentar o problema, o governo anunciou um megaprojeto para o setor.
Ainda em fase de implementação, o pacote de medidas inclui benefícios fiscais para proprietários que façam aluguéis de longo prazo e o fim do polêmico sistema de vistos gold, que garantia autorizações de residência para estrangeiros que comprassem 500 mil euros em imóveis no país.
GIULIANA MIRANDA / Folhapress