Preço do livro é o que mais desmotiva novos leitores, segundo pesquisa inédita

O preço dos livros é determinante na escolha do leitor brasileiro ou do leitor em potencial de comprar ou não um exemplar, conforme mostra uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta pela consultoria Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro.

O estudo fez um panorama de quem são os consumidores de livros no país, concluindo que hoje 16% da população brasileira tem esse hábito – ou seja, afirma ter pago por ao menos um exemplar nos últimos 12 meses. Desses leitores, 57% são mulheres.

Entre as pessoas que não compram livros, 35% respondem que o principal motivo é julgar o produto caro demais, uma percepção quase homogênea entre todas as classes sociais. O valor salgado pontua na pesquisa acima de outros fatores como a ausência de lojas por perto ou a falta de tempo para leitura.

É curioso perceber, no entanto, que 85% dos brasileiros que não se identificam como compradores de livros ainda afirmam que a leitura é uma atividade importante ou muito importante, e a maioria deles diz ter intenção de ler mais no próximo ano.

A percepção comum de que o livro é caro no Brasil alarma o mercado editorial, que costuma trabalhar com margens de lucro modestas e teme a desvalorização do produto, dada a quantidade de descontos que têm virado regra na indústria.

Basta ver que 55% dos compradores de livros impressos, segundo a pesquisa, preferem o varejo online, que trabalha com descontos bem mais agressivos que as livrarias físicas. 64% dos compradores de livros nas plataformas virtuais afirmam ter sido estimulados por descontos, enquanto nas lojas presenciais essa taxa fica em 43%.

Ainda nesse recorte, impressiona o domínio da Amazon sobre os competidores. A empresa fundada por Jeff Bezos é responsável por dois terços das compras virtuais de livros impressos —o segundo lugar é do Mercado Livre, com 7%, seguido pela Shopee, com 4%. Ou seja, o mercado é dominado por empresas de varejo geral, não especializadas apenas em livros.

Os motivos citados pelos compradores como decisivos são, acima de tudo, os preços, logo seguidos por comodidades como frete grátis, velocidade de entrega e disponibilidade.

A Amazon também lidera a compra de livros digitais, com 46% das preferências, seguida por 25% do Google, 9% da Skeelo e 6% da Apple. Esse ainda é um mercado concentrado, já que, entre aqueles que já têm hábitos de compra, 54% afirmam acessar só exemplares impressos e 15%, apenas produtos digitais como ebooks e audiolivros —31% das pessoas misturam os dois hábitos.

A pesquisa da Nielsen foi realizada em outubro por meio de um questionário com 16 mil pessoas com mais de 18 anos, com margem de erro de 0,8 ponto percentual.

WALTER PORTO / Folhapress

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