SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de Campinas avalia esterilizar capivaras para conter o aumento populacional do animal que é um dos principais hospedeiros do carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa.
Quatro mortes foram confirmadas em Campinas neste mês em decorrência da doença. Todas as vítimas estiveram na fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, local considerado o epicentro da contaminação.
Em Belo Horizonte, a esterilização das capivaras diminuiu o número de animais na região da Pampulha.
As mortes assustaram o moradores e comerciantes da cidade que tem prejuízos com a possível fuga de turistas.
A medida em avaliação pelo município seria uma forma de controlar a população do roedor que pode ser encontrado em grande número em diversas áreas públicas da cidade, como o Parque Taquaral, o Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, entre outros, além de áreas particulares, como a fazenda Santa Margarida.
Com o surto da doença em Campinas algumas pessoas têm defendido a liberação do abate do animal em determinadas épocas do ano, à exemplo do que ocorre com o javaporco, em outras regiões do Brasil.
Mas a medida é rechaçada pela administração pública já que as capivaras são da fauna silvestre brasileira, protegidas por lei federal. O javaporco é uma espécie exótica, diz a prefeitura, resultado do cruzamento do porco doméstico com o javali africano, espécie sem proteção legal.
As capivaras circulam em áreas verdes, inclusive urbanas, especialmente perto de água, como rios, lagos e córregos. O aumento desses animais, reforça a gestão municipal, ocorre por causa da extinção local da onça-pintada, principal predador do roedor.
“A remoção ou eliminação das capivaras de espaços públicos já se mostrou ineficiente. Quando retiradas, os locais são novamente ocupados por outras. E não adiantaria eliminar as capivaras para acabar com a doença, porque a febre maculosa fica no carrapato e qualquer outro mamífero poderia fazer o papel de hospedeiro”, afirma a Secretaria do Verde.
O abate já foi testado no município e não funcionou. O Lago do Café, parque público ao lado do Parque Taquaral, o principal da cidade, e que tem muitos desses animais, ficou fechado por cinco anos, até 2013, por causa da febre maculosa. Entre 2008 e 2010, três funcionários do local morreram em decorrência da doença.
Em março de 2011, mesmo sob protestos de ambientalistas, 16 capivaras que viviam no Lago do Café foram abatidas na tentativa de reabrir o parque, mas pouco tempo depois novos animais surgiram no local.
O manejo de capivaras cabe ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ligado ao Ministério do Meio Ambiente, e à Secretaria de Meio Ambiente do Estado.
O Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal está finalizando a contagem dos animais, segundo a Secretaria do Verde, até agora foram computadas 200 capivaras.
“Com base nesses dados, o órgão irá entrar com pedido de licença para manejo e, caso seja concedida, a Prefeitura fará uma licitação para contratar o serviço de castração. A previsão é que o pedido de licença para manejo e as ações decorrentes sejam realizados no segundo semestre deste ano”, finaliza a prefeitura.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress