Pelo menos duas mil prostitutas de Belo Horizonte decretaram lockdown e paralisaram suas atividades, nesta semana, com um pedido inusitado: querem ser incluídas no grupo prioritário para recebimento das vacinas. Elas argumentam que a categoria e grupo de risco e afirmam que não voltarão ao trabalho até que as autoridades atendam a demanda.
Segundo levantamento informal da categoria, existem pelo menos 3 mil profissionais do sexo trabalhando na zona boêmia da capital mineira, o que significa uma adesão de quase 70% das trabalhadoras ao movimento.
“Nossa profissão é de risco. Muitas estão afastadas com medo”, disse a presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig), Cida Vieira, para quem a vacina é considerada “fundamental” para a categoria. “A sociedade hipócrita precisa dos nossos serviços, mas nos repele”, declarou.
Sem volta ao trabalho
Minas Gerais vive um quadro de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva superior a 95% e, desde 17 de março, os hotéis da região da Rua Guaicurus, no centro de Belo Horizonte, principal área de meretrício da cidade, foram fechados. Desde então, a maioria das prostitutas está sem trabalhar.
Cida informou ainda que não há qualquer previsão de volta ao trabalho e que, embora o governo municipal esteja realizando o atendimento das prostitutas e liberando cestas básicas para profissionais do sexo, apenas a vacina poderá garantir a segurança das profissionais.
“Temos contato diário com muitas pessoas, somos a exata definição do que é grupo de risco”, informou.