É o fim da linha para La Casa de Papel. Na segunda parte da quinta temporada, que estreia na Netflix nesta sexta-feira, 3, a série espanhola fecha seu ciclo como um dos maiores fenômenos do streaming. Liderada por personagens como Professor (Álvaro Morte), Tóquio (Úrsula Corberó), Berlim (Pedro Alonso), Rio (Miguel Herrán) e Nairóbi (Alba Flores), a produção tem muito a celebrar pelo legado que deixou para o elenco, mercado e, claro, fãs.
Afinal, a série criada por Álex Pina alcançou marcas notáveis ao longo de suas temporadas. Apesar de não revelar detalhes, a Netflix confirma que a parte 4 de La Casa de Papel foi assistida por 65 milhões de contas. É uma das maiores audiências do serviço, que viu com a série que era possível levar suas produções originais para além das fronteiras dos EUA.
Além disso, mais do que números, La Casa de Papel mexeu com os ânimos. O figurino formado por macacão vermelho e máscara de Salvador Dalí serviu de inspiração para que as pessoas saíssem vestidas no Carnaval. A canção Bella Ciao, hino contra o fascismo da Primeira Guerra Mundial, voltou a figurar nas paradas de sucesso. E atores como Álvaro Morte e Pedro Alonso, antes conhecidos apenas na Espanha, se tornaram astros globais.
“Eu sempre digo que há algo entre os personagens que tem a ver com a família, com o amor, com a irmandade. Há diferentes aspectos da série que são universais, que ultrapassam as fronteiras. Uma das coisas que mais atrai as pessoas na Espanha é o futebol. E a série lembra futebol: temos equipes, um árbitro, conflitos e por aí vai”, disse Úrsula Corberó, intérprete de Tóquio, em entrevista coletiva com a presença do Estadão.
Foto: TAMARA ARRANZ/NETFLIX
Parte final
Quando a primeira parte da quinta temporada de La Casa de Papel chegou ao fim, os personagens estavam em um dos momentos mais tensos da história. O assalto ao Banco da Espanha, que esconde intenções inesperadas por trás, já dura mais de 100 horas. No desenrolar, o grupo já conseguiu resgatar Lisboa, mas continua com um ar de preocupação no ambiente. Afinal, as coisas saíram de controle e parte da equipe está comprometida.
Agora, na segunda parte, Professor, o líder do bando, foi capturado por Sierra (Najwa Nimri) e não mostra, pela primeira vez, se tem algum plano para sair dessa emboscada. No meio desse processo todo, ainda por cima, surge um inimigo ainda maior: o exército. Afinal, dentro da tela, assim como fora dela, a história desse grupo de macacão vermelho transcende o mero assalto. No universo daquela trama, os assaltantes se tornaram líderes de uma verdadeira resistência.
Com toda essa tensão no ar, a parte final de La Casa de Papel é, inegavelmente, a mais emocional da série. Está no ar o clima de despedida dos personagens, que se tornaram verdadeiras figuras da cultura pop. Além disso, há também a sensação de encerramento, de fim de um ciclo. É algo que a série não conseguiu fazer mais após a segunda temporada, ressuscitando personagens como Berlim ou colocando-os em situações similares.
“É muito mais emocionante do que a primeira parte. Também damos muitas respostas emocionais sobre os personagens. Quem são essas pessoas? São respostas que ajudam a compreendê-los. É uma temporada muito equilibrada. Para mim, como espectador, é a melhor e que mais gostei de escrever. Terminamos exaustos, em um tempo recorde. Mas é a mais emocionante”, afirma Álex Pina, também em evento à imprensa nesta terça-feira, 30.
Álvaro Morte, ator que interpreta Professor, compartilha desses sentimentos. “Foi muito bonito. No dia que terminei, tive a sorte de finalizar a gravação com a mesma equipe de quando comecei a gravar La Casa de Papel”, conta. “Esse último dia foi muito emocionante, mas também considero que, assim como tem um trabalho que te entusiasma, as férias desse trabalho também podem ter muito entusiasmo. No final, acabar agora [na quinta temporada] é a forma de presentear os fãs com o que merecem. Demos o nosso melhor”.
Pedro Alonso, que ficou conhecido mundialmente por interpretar Berlim, compartilha da emoção. “Eu comecei a viver uma série paralela desde que meu personagem morreu”, diz. “Quando acabamos de gravar, me entregaram uma carta da equipe e aquilo reforçou tudo que estava sentindo. Me dei conta do impacto em nossas vidas pessoais e profissionais”.
Resgate
Vale lembrar que La Casa de Papel foi um caso bem sucedido de série resgatada pela Netflix – assim como foi com Brooklyn 99. A produção havia sido feita para o canal espanhol Antena 3, com a ideia de ser formada apenas por duas temporadas. Não é à toa que no fim da segunda leva de episódios há um tom de desfecho, de despedida. Álex Pina, o criador de La Casa de Papel, não pensou em uma continuidade, em uma sequência.
No entanto, com a boa audiência de 4,5 milhões de espectadores, os olhos da Netflix brilharam. Eles compraram os direitos da produção e colocaram no catálogo global do serviço. Foi um sucesso. Se tornou a série em outro idioma que não o inglês mais assistida do serviço, superando, em abril de 2018, a superar o sucesso Stranger Things. Alex Pina, enquanto isso, foi contratado pela Netflix para a pensar em projetos em espanhol.
Para os atores que estão na trama desde o começo, esse resgate por parte da Netflix foi uma segunda oportunidade. “A gente deveria ter terminado La Casa de Papel com duas temporadas. Já tinha me despedido naquela época, mas sabia que aqueles personagens poderiam oferecer muito mais. Foi uma despedida muito dura naquela vez. Então, aproveitei muito e com muita calma essa segunda oportunidade para esse personagem”, conta Álvaro Morte, intérprete do Professor.
Fica no ar, agora, como continuar o legado de La Casa de Papel. Obviamente, dá para sentir os efeitos do sucesso nos caminhos traçados pela Netflix: o serviço de streaming está apostando cada vez mais em produções em língua não-inglesa. A coreana Round 6, de alguma maneira, é reflexo do que a série espanhola fez lá atrás, pavimentando o caminho.
E será que tem chance de continuação, seja filmes ou séries? Na coletiva para imprensa, Álex Pina disse que não pode “falar sobre isso hoje”. Mas, assim como é com sucessos como Breaking Bad e Game of Thrones, a possibilidade de séries ou filmes derivados está sempre no ar. Resta saber se os macacões vermelhos terão essa terceira chance.
Agência Estado