SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O racismo é o principal tema de posts nas redes sociais que mencionam Vinicius Junior, jogador do Real Madrid que foi expulso de uma partida de futebol neste domingo (21) após reagir a ofensas racistas proferidas pela torcida do Valencia.
De acordo com estudo do Aláfia Lab – um laboratório que realiza pesquisas sobre internet, política e sociedade-, das 50 publicações com mais compartilhamentos que mencionam o atacante, 52% fazem referência a algum fato envolvendo racismo.
As publicações envolvem tanto ataques racistas quanto mensagens de solidariedade ao jogador.
Para Nina Santos, uma das autoras do estudo, esse dado revela que o racismo ainda domina a presença de pessoas negras no ambiente virtual. “Em vez de discutirmos a atuação de Vini Jr. como jogador, estamos em grande parte discutindo como o racismo impacta a vida dele”, diz a pesquisadora.
O relatório, intitulado “O racismo não anda só: as dimensões do racismo nas redes”, analisou menções e comentários relacionados a perfis de personalidades negras no Twitter, no Instagram e no YouTube de 1º de janeiro a 29 de março.
Dentre os 26 perfis analisados, o de Vini Jr. foi o mais citado no período. A amostra não inclui a repercussão do caso mais recente de racismo sofrido pelo jogador, mas abarca um outro episódio envolvendo o atacante: em 26 de janeiro, torcedores adversários colocaram um boneco em uma ponte de Madri simulando seu enforcamento.
O relatório aponta que, naquela ocasião, diversos perfis utilizaram a expressão “mimimi” para afirmar que não se trataria de um caso de racismo, mas de rivalidade do futebol. Por outro lado, outros usuários usaram a hashtag #BailaViniJr (“Dança, Vini Jr.”, em espanhol) para expressar solidariedade ao jogador.
“O racismo vai dominando todas as conversas sobre celebridades negras”, afirma a pesquisadora Nina Santos. Ela avalia que essa dinâmica é muito prejudicial para pessoas negras, pois além de precisarem reafirmar suas competências profissionais, têm de se defender do racismo a todo momento.
DANI AVELAR / Folhapress