RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O segurança de um restaurante em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, acusou um morador da rua onde trabalha de injúria racial. Um vídeo gravado no último sábado (10) mostra o suspeito chamando o funcionário de “neguinho”. A Polícia Civil investiga o caso.
O suspeito, o advogado Aloysio Augusto da Costa, foi intimado a depor pela 14ª DP (Leblon) nesta segunda-feira (12), mas não compareceu devido a problemas de saúde, segundo versão dada por sua defesa à polícia.
Aloysio e a defesa foram procurados pela reportagem, porém não atenderam às ligações.
Lucas Rodrigues Neves, colaborador do Babbo Osteria, restaurante em Ipanema, afirmou ter sido vítima de atos de injúria racial por parte do morador.
De acordo com o estabelecimento, o primeiro boletim de ocorrência foi registrado no dia 15 do mês passado. O segundo episódio se deu na noite do último dia 10, após nova discussão.
Conforme o relato, nos dois episódios, o advogado, morador de um prédio localizado em frente ao restaurante, reclamou de uma banqueta que fica na calçada para acomodar os seguranças.
Em vídeo que circula pelas redes sociais, Lucas questiona Aloysio: “Fala que sou neguinho, fala”. O homem responde: “É neguinho, vai tomar conta do restaurante”. Lucas, então, avisa que a discussão está sendo gravada e é xingado por Aloysio.
Segundo depoimento de Lucas à polícia, Aloysio afirmou que o banco colocado na calçada pelos seguranças era “coisa de vagabundo”, que Lucas não estava trabalhando e que fazia a rua “de favela”.
Elia Schramm, chef do Babbo, disse que o restaurante está apoiando Lucas juridicamente. O segurança é funcionário de uma empresa de vigilância que presta serviços ao estabelecimento.
“Um absurdo completo essa situação, mas já que ganhou visibilidade, que isso seja utilizado para que os agressores não fiquem impunes. Infelizmente, esse tipo de situação acontece todos os dias não só no Brasil, mas no mundo. Calar não é uma opção. O agressor é reincidente, já são dois BOs registrados. Não pouparemos esforços para que a justiça seja feita. Nesse momento o principal é acolher a vítima, dar amparo”, afirmou o chef.
O Grupo Padrão, empresa de segurança que presta serviços ao restaurante, escreveu nas redes sociais que o caso é inadmissível. “Um colaborador nosso sofreu racismo em seu ambiente de trabalho, não toleramos esse tipo de comportamento.”
YURI EIRAS / Folhapress