Sensação da F1, Aston está sob pressão para melhorar o carro até junho

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O chefe da Aston Martin, Mike Krack, chegou a dizer que estava tendo que pedir para seus engenheiros que trabalham no desenvolvimento do carro na fábrica irem para casa, tamanha a empolgação para encontrar mais performance para o AMR23 depois do começo surpreendente desta temporada.

De fato, não é todo dia que vemos uma equipe pular do sétimo lugar no campeonato anterior para começar o ano como a segunda força no campeonato. Mas a pressa dos engenheiros não é só pura motivação. Eles sabem que a Aston teve uma vantagem importante desde o começo do ano passado e já sabem que isso vai acabar em julho.

Tudo tem a ver com uma regra que estreou na Fórmula 1 em 2021 e à qual as equipes ainda estão se adaptando: quanto mais na frente você estiver no campeonato, menos tempo tem à disposição para levar novas peças ao túnel de vento ou para fazer cálculos de computador que ajudam a medir o fluxo aerodinâmico.

Essas quantias são decididas duas vezes por ano, usando a posição do campeonato de construtores daquele momento. A próxima leva em consideração a ordem entre as equipes em 30 de junho, ou seja, depois do GP do Canadá.

“Teríamos 25% a menos se formos segundos. Sim, é algo substancial”, disse Krack. “São coisas que estamos discutindo no momento. Mas temos de ser realistas também. Podemos ser terceiros ou quartos. As coisas podem mudar rapidamente.”

De qualquer forma, a Aston Martin já sabe que terá uma queda brusca na sua alocação de desenvolvimento aerodinâmico, fruto de seu sucesso. Quando o diretor técnico Dan Fallows chegou na equipe e logo adotou um plano de revisão completa do carro, na primeira metade de 2022, eles eram a quarta equipe com mais tempo de desenvolvimento aerodinâmico à disposição. A partir de 1º de julho, passaram a ser a terceira com mais tempo, e a partir do começo de 2023 voltaram a ser a quarta, fruto do sétimo lugar no campeonato de 2022.

Para se ter uma ideia do tamanho da diferença, vale a comparação com a Red Bull, que começou 2022 em segundo, depois passou para o primeiro lugar e agora ainda tem uma diminuição em 10% de sua alocação como punição por ter passado do teto orçamentário em 2021.

No ano passado, a Red Bull teve direito a 2.496h de túnel de vento e 12.480 cálculos de CFD (aqueles computadorizados que medem os fluxos aerodinâmicos). A Aston Martin teve 3.660h de túnel de vento e 18.300 cálculos. Esses números da Aston eram os limites para todas as equipes antes da adoção dessa regra, então há a vantagem de não ter de adaptar a maneira de trabalhar.

De janeiro de 2023 até 30 de junho, a diferença segue elevada: a Red Bull tem 252 horas de túnel de vento à disposição e 1.260 cálculos de CFD a cada período de quatro a seis semanas. A Aston Martin tem 400h de túnel de vento e 2000 cálculos.

Se a equipe seguir como segunda força até o GP do Canadá, vai perder 100h de túnel de vento e 500 cálculos a cada período de quatro a seis semanas a partir de julho. E isso vai refletir talvez nem tanto no projeto deste ano, mas nas decisões de quanto já focar no projeto do ano que vem. As equipes costumam começar o carro do ano seguinte assim que lançam o modelo atual, e o que vai mudando ao longo do ano é a porcentagem de trabalho no projeto novo.

Terceiro no campeonato, Fernando Alonso diz que o campeonato “está entrando em um momento interessante, em que veremos quem vai desenvolver melhor o carro. Temos que aproveitar todas as oportunidades para crescermos enquanto equipe, até porque Red Bull, Mercedes e Ferrari estão acostumadas a esse ritmo de desenvolvimento”, lembrou o espanhol. Mesmo com a próxima corrida sendo um final de semana de sprint em Baku, já é esperado que alguns times tentem experimentar novas peças no único treino livre. Mas a maior parte das atualizações chegará em Miami e em Imola, as duas corridas seguintes. Para a Aston, é importante que essas novas peças funcionem principalmente para reduzir o arrasto gerado pelo carro, o que vem sendo o grande ponto negativo do AMR23 até aqui.

Então dá para apostar que, até 30 de junho, vai ter muito engenheiro motivado para fazer hora extra na fábrica em Silverstone.

JULIANNE CERASOLI / Folhapress

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