SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O nacionalista de ultradireita Sinan Ogan, terceiro colocado nas eleições da Turquia, declarou apoio ao atual presidente, Recep Tayyip Erdogan -ele tenta se manter no poder após governar o país pelos últimos 20 anos.
As atenções do país estavam voltadas à Ogan desde 14 de maio, quando os eleitores foram às urnas e lhe deram 5,2% dos votos. Isso porque seu apoio é considerado decisivo para o resultado do segundo turno, que acontecerá no próximo domingo (28) e será entre Erdogan e Kemal Kilicdaroglu, desde 2010 à frente do Partido Republicano Popular (CHP), de centro-esquerda.
“Fizemos todos os tipos de consultas antes de tomar essa decisão. Escolhemos assim porque acreditamos que nossa decisão é a certa para nosso país e nação”, afirmou o político nesta segunda-feira (22) ao pedir que seus apoiadores votem pelo atual presidente.
Com um discurso xenofóbico e a defesa de propostas duras contra a imigração, Ogan, 55, era cobiçado pelos dois candidatos que disputam o segundo turno do pleito que será definido no dia 28.
Até então desconhecido fora da Turquia, o político surpreendeu e conquistou uma porcentagem maior de votos em relação ao projetado nas pesquisas. Não foi a única surpresa do pleito, cujos levantamentos apontavam para uma vantagem de Kilicdaroglu e acabou com Erdogan na frente. O atual presidente contabilizou 49.6%, enquanto seu principal adversário teve 44,8%.
Mesmo assim, esta já foi a eleição mais acirrada da qual Erdogan participou. Entre 2003 e 2014, ele foi primeiro-ministro, após seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) conquistar a maioria dos votos em 2002, 2007 e 2011. Em 2014, quando a eleição presidencial passou a ser por voto direto, depois de uma reforma eleitoral, Erdogan venceu no primeiro turno com quase 52% dos votos.
Durante essas duas décadas sob seu comando, a Turquia oscilou de um processo de abertura democrática e aproximação com o Ocidente, na expectativa de se integrar à União Europeia, para um regime autocrático que persegue minorias e opositores e manipula informações.
O líder dispõe de um aparato de imprensa amplamente favorável, o que também deve influenciar os resultados. No país, o mercado de mídia sofre forte influência do Estado, por meio de anúncios, e tem boa parte das redações controladas por aliados do presidente. Críticos costumam ser intimidados.
Redação / Folhapress