SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Thiago Brennand, 43, preso sob a suspeita de ter estuprado namoradas, entre outros crimes, deve ser levado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) 1 de Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Uma equipe da Polícia Federal embarcou na madrugada desta quinta (27) para os Emirados Árabes para concluir a extradição do empresário, que tem cinco prisões preventivas decretadas.
A unidade prisional foi escolhida porque é destinada a presos suspeitos de crimes sexuais, o que reduz os riscos de o detido ser agredido pela massa carcerária, uma vez que o crime de estupro é repudiado até mesmo entre os presos. Essa escolha pode ser alterada caso o governo considere que há riscos.
Também pesou na escolha o fato de a unidade ser na capital, facilitando o trânsito do suspeito até as audiências judiciais, uma vez que o empresário é réu em oito processos. Ele alega inocência e diz que as relações sexuais foram consensuais.
Nos primeiros dias, porém, Brennand deve ficar em isolamento, prática adotada com todos aqueles que ingressam ao sistema penitenciário paulista. A expectativa é que o isolamento dure cerca de dez dias, e então ele será colocado no convívio com outros presos.
Também como medida de segurança, o governo paulista deve colocar Brennand em uma cela com poucos presos –dois ou três, no máximo, para reduzir chances de eventuais agressões, ainda que o empresário tenha treinamento em artes marciais.
Com capacidade para 521 presos, o CDP 1 de Pinheiros tem atualmente, segundo dados divulgados pela Secretaria da Administração Penitenciária, 729 pessoas.
De acordo com integrantes da cúpula do governo paulista, em caso de eventual condenação, Brennand pode ser transferido para uma penitenciária de Tremembé, no interior do estado, onde ficam presos chamados “midiáticos”.
Foi em Tremembé, por exemplo, que ficou preso o médico Roger Abdelmassih, 79, condenado a 181 anos por crimes sexuais contra pacientes. O especialista em reprodução assistida está, atualmente, em hospital penitenciário por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) publicado no início de março passado.
De acordo com integrantes do governo paulista, a expectativa é que Brennand seja entregue por agentes da Polícia Federal diretamente à unidade, na tarde desta sexta (28). Caso o desembarque ocorra no final de semana, deverá aguardar na carceragem da PF, na região da Lapa.
Em razão das visitas aos presos, que ocorrem aos finais de semana, a Administração Penitenciária de São Paulo não costuma receber novos presos aos sábados ou domingos.
Segundo a reportagem apurou, os agentes federais não querem entregar o preso para policiais civis para evitar exploração midiática. O receio seria de que Brennand seja usado como espécie de troféu pela polícia de São Paulo, numa tentativa de amenizar a imagem arranhada por indicadores ruins de violência.
O comando da Segurança Pública paulista sofre severas críticas pelo aumento de crimes em geral e, também, pelo descontrole no combate ao tráfico de drogas na região central, com a cracolândia dispersa.
Procurada, a “Secretaria da Administração Penitenciária esclarece que já foram tomadas as devidas providências para recebimento do preso, porém mais informações não podem ser fornecidas, por questão de segurança.”
ROGÉRIO PAGNAN E ISABELLA MENON / Folhapress