Trânsito e segurança reforçada marcam final da Champions em Istambul

ISTAMBUL, TURQUIA (FOLHAPRESS) – O trânsito de Istambul, cidade de 15 milhões de habitantes, costuma ser travado nos dias úteis. Neste sábado (10), ele também engasgou. Logo pela manhã, turistas já viam carros parados na porta dos hotéis, nas ruas estreitas perto da Mesquita Azul e nas vias expressas.

A Uefa (União das Federações Europeias de Futebol) recomendou aos torcedores que usassem metrô ou ônibus fretados para ir ao estádio. E que saíssem horas antes, mesmo com o jogo marcado para 22h na hora local. Apesar disso, houve cenas de torcedores andando a pé, na beira da estrada, deixando táxis e ônibus com medo de perder a hora.

Mesmo os ônibus dos times chegaram com atraso ao estádio. Uma imagem que circulou nas redes sociais mostrou o coletivo do Manchester City preso na estrada.

O palco da decisão fica na periferia do lado europeu de Istambul, a 17 km da área central e ao lado de uma estação do metrô

Apesar dos problemas no caminho, o jogo começou no horário e não houve incidentes, como em Paris, em 2022. Na ocasião, houve enorme confusão nos arredores do Stade de France, com bombas de gás usadas contra torcedores. Por causa disso, o início da partida foi atrasado em 40 minutos.

Desta vez, houve medidas mais duras de restrição: a linha de metrô M9, que leva ao estádio, ficou aberta apenas a torcedores com ingresso. Bloqueios policiais foram montados nas estações de conexão da M9 com as outras linhas, com muitos agentes no controle dos acessos.

No entanto, os guardas não tinham leitores para verificar aM autenticidade das entradas, mostradas no celular. A checagem era apenas visual.

A lista de restrições incluiu veto a moedas no estádio. Quem as levou teve de deixá-las na entrada. Segundo a Uefa, a quantia arrecadada será doada para as vítimas do terremoto ocorrido em fevereiro na Turquia.

A Uefa também disponibilizou linhas de ônibus especiais para levar os torcedores ao estádio. Só podia embarcar quem tivesse um ingresso. O serviço usou os mesmos coletivos regulares da cidade, com divisão de torcidas: havia linhas para fãs do Manchester City e da Inter de Milão. No entanto, parte deles ficou presa no trânsito.

Em meio ao trânsito, algumas mulheres de véu circulavam com placas, pedindo dinheiro aos passantes. Vendedores de água e de bandeiras atuavam em alguns pontos, andando em meio aos carros.

No dia da final, os ônibus da cidade e o metrô circularam bastante cheios. A reportagem presenciou momentos em que era preciso abrir espaço à força para poder entrar no vagão. Em dado momento de uma viagem, o trem freou bruscamente, e várias pessoas a bordo quase caíram ao chão.

No trajeto pelos trilhos até o estádio, grupos cantavam músicas como “olê, Inter” e “City, Manchester City”, sem confusões. Vários torcedores bebiam no metrô, com garrafas grandes na mão, sem ser incomodados.

Pela cidade, muitos torcedores foram aos bares da região da praça Taksim para beber durante o sábado, enquanto esperavam o jogo.

Embriagar-se na cidade anda mais barato para quem anda com libras ou euros, pois a lira turca tem perdido valor neste ano. Em janeiro, um euro valia 20 liras. Hoje, rende em torno de 25. Assim, uma cerveja nos bares pode custar menos de 5 euros, ou cerca de 30 reais.

Pessoas sem ingresso tiveram como opção ver a partida em uma “fan fest”, montada perto da área central de Istambul. O local tinha entrada grátis e clima de festival. Houve shows de DJs antes do jogo, estandes com brincadeiras e venda de bebidas e comida.

Na “fan fest”, foram indicadas áreas para as torcidas dos dois times, mas sem barreiras. Durante a partida, a maioria dos presentes preferiu sentar-se no gramado para ver a partida, com pessoas em pé apenas nas laterais dos telões. A multidão só levantou pela primeira vez na hora de comemorar o gol do City, já no segundo tempo.

Ao final do jogo, torcedores do time inglês se abraçaram e comemoraram, mas boa parte apertou o passo para ir embora antes de o metrô fechar. O apito final veio perto da meia-noite na hora local.

RAFAEL BALAGO / Folhapress

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