Trecho de praia alargada de Balneário Camboriú ‘encolhe’ 70 metros

BALNEÁRIO CAMBORIÚ, SC (FOLHAPRESS) – Um trecho da praia Central, em Balneário Camboriú (SC), cuja faixa de areia foi alargada há 18 meses, “encolheu” cerca de 70 metros desde que a obra foi concluída. A situação na cidade no litoral de catarinense já era esperada e está sendo monitorada pela prefeitura, segundo o engenheiro civil e fiscal da obra Rubens Spernau, que foi prefeito entre 2002 e 2008.

O recuo é registrado em um trecho de 200 metros de extensão, entre a rua 4800 até o molhe da Barra Sul, o que corresponde a 3,4% da praia, que tem 5,8 quilômetros.

Quando a obra foi concluída, esse trecho estava com 180 metros de faixa de área –do calçadão até a água do mar. Agora, está com 110 metros.

Um dos sinais do processo de erosão é um degrau de areia de cerca de um metro de altura que acabou se formando no final da praia, no limite entre a praia e o mar.

Na praia, o recuo da faixa de areia já é percebido por banhistas e por trabalhadores que atuam na área. O comerciante Giovanni da Igreja, 56, administra um quiosque da família há mais de 20 anos.

“Acho que é maior [o recuo do que o anunciado], uns 80 metros para mais. Antes eu não conseguia enxergar o mar (do quiosque)”, disse. O comércio dele fica em uma região estratégica, em frente ao parque Unipraias, com grande movimentação.

Antes do alargamento, mal havia faixa de areia no local, e não era possível colocar cadeiras para os banhistas alugarem, conta ele.

O recuo, porém, agora preocupa. “Assusta um pouco pela velocidade que está acontecendo. Será que vai continuar recuando? Para nós, temos certeza que a obra foi boa”, disse.

Já a comerciante Mariará Barros, 21, diz não ter notado a redução da faixa de areia. “Mas é bem provável que esteja ocorrendo. Sempre que tem maré alta, leva um bocado de areia”, conta.

Porém, segundo o engenheiro Spernau, a praia “aumentou” ao lado de onde está sendo registrado esse recuo, o que já é notado por banhistas já que por ali a água está mais rasa.

“A modelagem já previa que ali haveria, como já houve no passado, um carreamento [transporte] de areia no sentido de diminuir a parte emersa”, disse o engenheiro. “Só que essa areia ela não sai da praia e vai embora. Ela fica na região, vai se depositando na parte imersa ou aumentando um pouco a praia em áreas adjacentes àquela região”.

A movimentação da areia nesses locais está relacionada às correntes marítimas e ao registro de ressacas do mar, ainda conforme o engenheiro. No local, o movimento das ondas é de leste-nordeste.

Antes do alargamento, a faixa de areia estava bastante reduzida neste ponto da praia de 200 metros e era comum o alagamento da Avenida Atlântica, em frente ao mar, em dias de ressaca. Em março deste ano, a prefeitura abriu licitação para contratar uma empresa para conter o recuo da praia.

A técnica é chamada de “geotubos”, que são bolsas de contenção colocadas em locais mais afetados e depois jogada a areia por cima.

No final de maio, a Penascal -Engenharia e Construção, com sede em São Paulo, apresentou um orçamento de cerca de R$ 3,5 milhões para fazer a obra em um prazo de três meses.

A maior parte do valor será destinada para o fornecimento e instalação dos geotubos, feitos em tecido 100% de prolipropileno.

Segundo a prefeitura, a licitação já foi homologada e a empresa está apresentando os documentos necessários para a assinatura do contrato, que deve ocorrer em breve.

A região sul da praia Central já havia sido aterrada e também houve avanço do mar. Porém, demorou para ocorrer, segundo Spernau, que era prefeito na época.

A obra ocorreu entre 2002 e 2003 -na época, o molhe estava sendo construído. O engenheiro explica que foi utilizada areia do próprio rio que passa ao lado para fazer o “engorde” da praia.

O curso d’água estava sendo dragado e a prefeitura conseguiu uma licença com os órgãos ambientais para fazer o serviço. “A gente não tinha praia na região sul numa extensão bastante grande”, explica Spernau.

O processo de avanço do mar, segundo o engenheiro, foi ocorrendo aos poucos. E, em 2017, a água começou a bater nas pedras e no muro de arrimo que separa a praia do calçadão. “Não foi um aterro com tanta areia como nós fizemos agora, a quantidade de areia era bem menor, mas aquilo ali durou 14 anos.”

HYGINO VASCONCELLOS / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTICIAS RELACIONADAS