Trump promete ‘comida para todos’, mas deixa restaurante sem pagar para apoiadores

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Logo depois de se apresentar à Justiça e virar réu pela segunda vez, o ex-presidente dos EUA Donald Trump apareceu sorridente em um restaurante cubano em Miami. Cercado de apoiadores, o republicano declarou “comida para todos”, mas deixou o estabelecimento antes que alguém fizesse qualquer pedido.

“Vocês estão prontos? Comida para todos!”, disse Trump no restaurante Versailles, na última terça-feira (13), arrancando aplausos e comemorações das dezenas de pessoas que estavam no local.

Mas Trump ficou apenas dez minutos no restaurante e não pagou sequer um café, segundo o jornal Miami New Times. Ovacionado, o ex-presidente posou para fotos e cumprimentou apoiadores. Também ouviu o “parabéns para você” antecipado –o republicano completou 77 anos na quarta (14). Pouco depois, ele deixou o local e viajou para Nova Jersey, onde participou de um evento para arrecadação de recursos.

Mais cedo, Trump havia se apresentado a um tribunal federal no centro de Miami, onde esteve sob custódia para ouvir as 37 acusações às quais responderá por manter consigo documentos secretos após deixar a Casa Branca. O ex-presidente se declara inocente e diz ser “alvo de uma caça às bruxas”.

Antes de ser fichado pela segunda vez, Trump convocou apoiadores e escreveu, em uma rede social, em maiúsculas, “vejo vocês em Miami na terça”. O comparecimento de manifestantes nas proximidades do tribunal, contudo, foi abaixo do esperado pelas autoridades de segurança.

Trump tem uma forte base de apoiadores na Flórida, estado onde fica na maior parte do tempo desde que deixou a Presidência. Em Miami, o restaurante cubano é um habitual ponto de encontro de candidatos à Presidência dos EUA, principalmente republicanos que buscam votos latinos, segundo a NBC News.

Trump é o primeiro ex-presidente americano a responder a processos criminais. Em abril, ele se tornou réu pela primeira vez na Justiça de Nova York, alvo de acusações sobre fraude envolvendo a compra do silêncio de uma atriz pornô antes das eleições de 2016, quando foi eleito presidente.

O processo relacionado aos documentos sigilosos é considerado mais robusto que o de Nova York. Em agosto do ano passado, autoridades retiraram de seu resort em Mar-a-Lago, no sul da Flórida, dezenas de caixas com papéis ultrassecretos que não deveriam ter saído da Casa Branca, com informações sobre programas nucleares, capacidades militares e pontos de vulnerabilidade dos EUA e de aliados e até planos de ataques a outros países, segundo a investigação.

Pesam contra o ex-presidente não apenas a retenção dos documentos e a armazenagem em locais inadequados (de um salão de festas do resort a um banheiro), mas também a sequência de manobras que fez para mantê-los mesmo após cobranças do governo e investigação federal, o que justificam as acusações de obstrução da Justiça. Um de seus auxiliares, Walt Nauta, veterano da Marinha, responsável por trocar as caixas com os documentos secretos de lugar várias vezes, também responderá ao processo.

Redação / Folhapress

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