A Ucrânia e a Rússia vão dar início a uma nova rodada de negociações de paz. Uma reunião será realizada amanhã em Istambul, na Turquia. O presidente turco Tayyip Erdogan disse a Vladimir Putin, em um telefonema neste domingo, que a situação exige um cessar-fogo para a melhoria das condições humanitárias após a invasão da Ucrânia por Moscou.
Ontem, o presidente Volodymyr Zelensky disse que a Ucrânia estaria disposta a se tornar neutra e comprometer o status da região leste de Donbass como parte de um acordo de paz. A declaração veio após um alto funcionário de Kiev alertar que a Rússia pretende dividir o país, numa tentativa de “criar a Coreia do Sul e do Norte na Ucrânia”.Por outro lado, a Ucrânia se recusou a discutir outras demandas russas, como a desmilitarização do país.
A declaração de Volodymyr Zelensky foi dada um depois dele ter cobrado uma ajuda militar mais efetiva por parte dos países da Otan.O presidente da Ucrânia quer o envio de aviões e tanques para combater as tropas russas, mas até agora só tem recebido mísseis antiaéreos e antitanques e armas de pequeno porte e equipamento de proteção.
Segundo o Conselho de Direitos Humanos da ONU, a guerra na Ucrânia já provocou a morte de 1.104 civis entre os dias 24 de fevereiro e 25 de março. Desse total, 96 eram crianças. Em pouco mais de um mês, mais de 10 milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em busca de segurança. De acordo com a Organização das Nações Unidas, o número de refugiados é o equivalente a um quarto da população ucraniana.
Ao menos 3 milhões e 700 mil cidadãos já estão abrigados em outros países. Uma das principais preocupações dos serviços de emergência da ONU é a proteção dos postos de ajuda humanitária. As instalações sanitárias estão sendo atacadas pelas bombas, em média, duas vezes por dia. A Organização Mundial da Saúde contabilizou 52 ataques em 25 dias contra os postos que proporcionam auxílio para as necessidades básicas.
O papa Francisco voltou a fazer um apelo em defesa do fim da guerra na Ucrânia e alertou que a humanidade corre o risco de desaparecer. Durante a tradicional missa de domingo, o líder da Igreja Católica disse que a guerra não pode ser algo inevitável e que as pessoas não devem se habituar com conflitos armados.
O pontífice afirmou ainda que a situação da Ucrânia representa uma derrota para todo o mundo. Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, Francisco tem feito apelos quase diários pelo fim do conflito, e já declarou que a população civil ucraniana está sendo massacrada e que as cidades estão sendo transformadas em cemitérios.