SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O fim da emergência de saúde da Covid-19 foi anunciado nesta sexta (5) pela OMS (Organização Mundial da Saúde) depois de mais de três anos do estado máximo de alerta da instituição para a doença. Agora, países precisam continuar lidando com a enfermidade, e um comitê criado pela entidade internacional dará recomendações constantes às nações.
A decisão de alterar o status da Covid-19 ocorreu depois de análises sobre o cenário da doença ao redor do mundo. O comitê de emergência que assessora a OMS nesta definição e a própria organização vinham acompanhando a situação havia meses.
“No ano passado, o comitê de emergência e a OMS analisaram os dados cuidadosamente e consideraram quando seria o momento certo para diminuir o nível de alarme”, afirmou Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, entrevista coletiva do anúncio.
A alteração do status traz informações sobre a atual conjuntura da doença. Uma delas é de que o vírus já não é mais considerado completamente novo ou inesperado. A decisão também é uma mensagem de que a doença não representa mais um completo risco à saúde global por meio de sua disseminação.
“O que esta notícia significa é que é hora de os países fazerem a transição do modo de emergência para o gerenciamento da Covid-19 juntamente com outras doenças infecciosas”, resumiu Adhanom.
Para se chegar a esse estágio de maior controle, a vacinação foi crucial. Ela possibilitou uma queda brusca na taxa de mortalidade pelo patógeno, além de aliviar os sistemas de saúde por reduzir o número de casos graves.
“Por mais de um ano, a pandemia está em tendência de queda, com aumento da imunidade da população por vacinação e infecção, diminuição da mortalidade e diminuição da pressão sobre os sistemas de saúde”, continuou Adhanom.
Mas o fim da emergência não é sinônimo de vitória total contra o vírus.
UMA MORTE A CADA TRÊS MINUTOS
Segundo o diretor-geral da OMS, a Covid-19 provocou uma morte a cada três minutos na última semana. Ele ainda chamou atenção para o fato de que o número deve ser maior, já que é comum ocorrerem mortes pela doença que não são contabilizadas.
“Enquanto falamos, milhares de pessoas em todo o mundo estão lutando por suas vidas em unidades de terapia intensiva”, completou, fazendo referência também às pessoas que apresentam sequelas da Covid longa.
Isso faz com que seja necessário entender que a Covid ainda não foi embora e isso nem deve ocorrer, continuou Adhanom. “Esse vírus está aqui para ficar.” Novas variantes do Sars-CoV-2 podem alterar o momento de maior estabilidade da doença e resultar em aumento de casos, de hospitalizações e de mortes.
Por isso, a possibilidade de que, no futuro, um novo grupo seja organizado para avaliar o status emergencial da Covid-19 não foi descartada pela OMS. Por enquanto, o diretor-geral já informou que tomou uma decisão inédita de compor um comitê de revisão “para desenvolver recomendações permanentes de longo prazo para os países sobre como gerenciar o Covid-19 de forma contínua”.
“Embora este comitê de emergência agora pare de trabalhar, ele enviou uma mensagem clara de que os países não devem parar”, disse Adhanom.
NO BRASIL
Para Ethel Maciel, secretária de vigilância em saúde e ambiente do Ministério da Saúde, o anúncio da OMS não altera as ações adotadas no país. “As nossas recomendações seguem iguais, chamando atenção para a vacinação.”
Ela explica que, no Brasil, a doença segue controlada, mas que a imunização é de extrema importância. O Ministério da Saúde já ampliou a disponibilidade da vacina bivalente, que confere maior proteção contra as linhagens da variante ômicron, para todos os maiores de 18 anos.
Cada município, a partir de então, pode decidir quando disponibilizar a nova dose para essa população. Na capital paulista, a campanha para os maiores de idade começa neste sábado (6).
“É fundamental que a vacinação em maio aconteça de forma mais concentrada”, afirmou Maciel. A secretária explicou que a proteção é essencial nesse período por conta do inverno. Infecções respiratórias tendem a aumentar nos períodos mais frios do ano, então, a imunização agora busca controlar os casos que devem crescer nos próximos meses.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, foram registradas 339 mortes pelo coronavírus na última semana epidemiológica. O país já perdeu 701.883 vidas pela doença, conforme os dados divulgados na última quarta (3).
SAMUEL FERNANDES / Folhapress