Verstappen vence no Canadá, iguala marca de Senna e avança rumo ao tri

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Durou apenas duas corridas, mas houve um tempo na F1 em que os nomes Senna e Verstappen alinharam juntos no grid.

Enquanto o tricampeão brasileiro iniciava a fatídica temporada de 1994, um jovem holandês, de 22 anos, à época contratado como piloto de testes da Benetton, estreava na categoria às pressas, como o substituto do finlandês JJ Lehto, que havia sofrido uma lesão no pescoço na pré-temporada.

O novato era Jos Verstappen, que não conseguiu completar os GPs do Brasil e do Pacífico, os únicos em que esteve na pista ao mesmo tempo em que Ayrton. Na terceira prova de 1994, JJ Lehto já estava de volta ao seu cockpit para disputar o GP de San Marino, no qual o brasileiro sofreria o acidente fatal com sua Williams.

Na F1, Jos nunca conseguiu ser muito mais do que um contemporâneo de Senna. Disputou 107 provas e subiu somente duas vezes no pódio, ambas em terceiro. Seria o filho dele, no entanto, um dos poucos a conseguir igualar e superar algumas das marcas estabelecidas pelo tricampeão.

Neste domingo (18), Max Verstappen, 25, venceu o GP do Canadá, no circuito Gilles Villeneuve, e se tornou o quinto piloto com mais vitórias na F1, com 41 triunfos, o mesmo número somado pelo ídolo brasileiro.

Há semelhanças entre os dois. Nenhum deles subiu ao lugar mais alto do pódio em seu ano de estreia; Senna, em 1984, com a Toleman, e Verstappen, em 2015, com a Toro Rosso. O brasileiro ao menos obteve dois terceiros e um segundo lugar quando debutou.

A contagem de largadas do tricampeão também dá a ele uma pequena vantagem na média de vitórias. Com 161 corridas e 41 triunfos, o brasileiro cruzou em primeiro em 25,47% das corridas que disputou. No caso do holandês, o índice é de 23,98%, com 41 triunfos em 171 etapas.

O bicampeão, contudo, passou a abrir vantagem recentemente em número de pódios. Agora, tem 85, cinco a mais do que o brasileiro. Além disso, ajudou a equipe Red Bull a chegar agora a sua 100ª vitória na F1.

O piloto holandês está a caminho de igualar um feito ainda mais importante de Senna, a conquista do tricampeonato mundial.

O bicampeão lidera a disputa de pilotos, com 195 pontos. São 69 de vantagem para o segundo colocado, o mexicano Sergio Pérez, seu companheiro de equipe e o único no atual grid com um carro capaz de desafiar o domínio do holandês -em oito provas até aqui, Max venceu seis vezes, e Sergio levou duas.

Para as demais equipes, até disputar a pole position tem sido tarefa difícil. Apenas Charles Leclerc, no GP do Azerbaijão, conseguiu fazer a Ferrari quebrar o domínio da Red Bull, que obteve duas poles com Pérez e quatro com Verstappen -o holandês soma 25 na carreira, em um dos poucos quesitos em que ainda está muito distante de Senna, dono de 65, só atrás de Schumacher (68) e Hamilton (103).

Max tem amplo favoritismo na temporada. Ainda na primeira metade das 22 etapas previstas para o campeonato, é difícil imaginar que algum adversário poderá impedir Verstappen não só de alcançar o tricampeonato como de desbancar outras lendas da F1.

No ranking de vitórias, o próximo alvo da lista é o francês Alain Prost, rival histórico e também um ex-companheiro de equipe de Senna. O tetracampeão somou 51 vitórias em sua carreira.

No pódio dessa lista estão o inglês Lewis Hamilton, com 103, e os alemães Michael Schumacher, com 91, e Sebastian Vettel, com 53.

Resta saber qual será o apetite do holandês de 25 anos para continuar batendo recordes. O piloto costuma dar sinais confusos sobre seu futuro na F1. Embora tenha contrato com a Red Bull até 2028, já disse recentemente que não se vê correndo na categoria por muitos anos. Por outro lado, também já declarou que gostaria de correr pela Ferrari um dia.

De qualquer maneira, o sobrenome Verstappen, enfim, está gravado na história do automobilismo.

LUCIANO TRINDADE / Folhapress

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