Uma família de Ribeirão Preto contestou a causa da morte registrada pelos médicos de um aposentado. No laudo foi indicado suspeita de covid-19, mas familiares afirmam que ele morreu de ataque cardíaco. Por conta do protocolo, familiares não puderam realizar o velório. O homem foi enterrado, com caixão lacrado, neste domingo (11).
Durval Alves dos Santos foi encontrado morto por familiares na manhã desta sexta-feira (9). Ele estava caído em sua casa e a suspeita é que ele tenha tido um ataque cardíaco. Uma ambulância foi chamada e constatou o óbito, mas, como não havia médico presente, não houve a definição da causa da morte no atestado.
A família, então, foi até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) cobrar a resolução do problema. Um médico foi até a casa e, seguindo o protocolo das autoridades da saúde, colocou como cauda da morte suspeita de covid-19. Revoltada, a família exigiu mudança.
“Meu sogro tinha uma saúde de ferro, ele não morreu de covid-19. Ele morreu de infarto”, disse Daniela Santos, nora da vítima. “O que a gente quer é que eles façam um exame na hora, para a gente poder velar o meu sogro”, disse ela, em entrevista ao repórter Corrêa Junior nesta sexta-feira.
Confira a entrevista de Daniela Santos:
Sem chance
Apesar da atuação de um advogado, a causa da morte não foi modificada. “A gente quer velar o meu sogro, que está lá estirado no chão desde às 8h da manhã. Todo mundo que morre, agora, é covid”, disse Daniela.
Sem conseguir mudança no atestado de óbito, Durval foi enterrado, na manha deste sábado (11), com caixão lacrado e sem velório. “O enterro foi hoje de manhã, foi muito triste”, disse Michelle dos Santos, neta de Durval.
Outro lado
O secretário da Saúde, Sandro Scarpelini, informou que o registro de mortes como suspeita de covid-19 é um protocolo das autoridades médicas. “Qualquer morte fora da rede hospitalar é registrada dessa forma. Depois, quando há confirmação, a causa da morte é alterada”, disse ele, em entrevista ao programa Mentoria 2020, que foi ao ar na noite desta sexta-feira (10) pelo Grupo Thathi.
Ainda segundo ele, trata-se de determinação do Ministério da Saúde. “Quando uma pessoa falece em casa, o médico que declara o óbito. Para não expor mais gente a contato com a possível virose, todos os óbitos de pessoas que morreram em casa são submetidos à coleta do material para a testagem de covid. E o atestado de óbito vai como suspeita de covid. O exame sai em alguns dias e aí 1temos certeza”, contou.
Isso torna possível a mudança da causa, se o resultado for negativo. “Isso acontece porque, se for covid-19, outras pessoas não sejam contaminadas. É um laudo provisório. Sei que isso gera uma série de desconforto, as famílias ficam incomodadas, mas a norma é essa para evitar que o vírus se dissemine durante velórios ou a necropsia”, salienta.