Vinicius Junior volta à LaLiga com homenagens e recebe pedido de desculpa de cartola

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Vinicius Junior teve um dia de vitórias. Homenageado no estádio Santiago Bernabéu e aplaudido por seus torcedores, o atacante do Real Madrid viu o presidente da LaLiga, Javier Tebas, pedir-lhe desculpas. Também recebeu solidariedade da ONU.

Tebas é o dirigente que havia minimizado o episódio de racismo sofrido pelo jogador brasileiro. O cartola havia escrito no Twitter que não poderia permitir que a imagem do campeonato fosse manchada.

Em entrevistas às brasileiras Globo, ESPN e a agências de notícias internacionais, o dirigente afirmou, nesta quarta-feira (24), que a liga não é racista e que, se foi mal interpretado, se desculpava.

Vinicius Junior reclamou de ter sido insultado e chamado de “macaco” durante o jogo entre Real e Valencia, que chegou a ser interrompido pela arbitragem no último domingo (21). Estes ataques levaram a Procuradoria a abrir uma investigação por “crime de ódio”, categoria penal que, na Espanha, inclui crimes raciais.

Diante da resposta de Tebas, Vinicius Junior foi ao ataque com fotos, vídeos e mensagens ressaltando episódios de racismo sofridos por ele e outros jogadores. O atacante recebeu apoios nas redes sociais de nomes do esporte. O governo brasileiro cobrou resposta do espanhol. Protesto em frente ao consulado espanhol em São Paulo, na última terça-feira (23), chamou LaLiga de “racista”, o que Tebas garantiu não ser.

A crítica encontrou eco no mundo. Em SP, um protesto de movimentos negros aconteceu em frente ao consulado da Espanha, sob os gritos de “LaLiga racista”.

O pedido de perdão foi uma forma de tentar reduzir o dano à imagem da competição. Nas partidas de terça, equipes exibiram faixas repudiando racismo. As mensagens foram encomendadas pelo banco Santander, que é patrocinador do torneio até o final desta temporada.

Dias após o incidente, Vinicius Junior teve a expulsão na partida em Valencia rescindida. O estádio onde aconteceram as ofensas raciais contra o atleta foi fechado parcialmente pelas próximas cinco partidas.

A guinada da liga e da Real Federação Espanhola poderiam fazer com que ele entrasse em campo nesta quarta-feira, na partida entre Real Madrid e Rayo Vallecano, no Santiago Bernabéu. Mas, com dores no joelho, Vinicius não foi escalado.

Mesmo assim, ele pisou no gramado para saudar os torcedores que o homenageavam.

O confronto, que terminou com vitória do Real por 2 a 1, ficou marcado pelo apoio ao brasileiro. O público no estádio se levantou para aplaudi-lo no minuto 20, número da camisa que usa. Em um camarote, ele agradeceu o apoio.

Na entrada em campo, todos os jogadores do Real Madrid usavam o número 20. Uma faixa foi estendida atrás de um dos gols com a mensagem em espanhol: “Vinicius somos todos. Basta agora!”. Vários torcedores levaram cartazes de apoio ao atleta.

Ao comemorar o seu gol, o atacante Rodrygo ergueu o braço, com o punho fechado, em um gesto característico da luta contra o racismo.

Horas antes do jogo, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou os insultos racistas proferidos contra o brasileiro e pediu esforços conjuntos para erradicar esse flagelo do esporte.

“Fazemos um apelo a todos estes eventos esportivos do mundo para enfrentar, combater e prevenir o racismo”, declarou Turk, em Genebra, antes de destacar que o novo incidente é um “lembrete brutal da prevalência do racismo no esporte”, disse ele.

Turk saudou, no entanto, “uma reação muito forte das autoridades”, destacando que “começaram a prender pessoas muito rapidamente”.

“Uma investigação deve acontecer. Este é um assunto que vai preocupar a Justiça”, acrescentou.

Embora reconheça os inúmeros aspectos positivos do esporte, Turk afirma que também é preciso “lidar com o lado sombrio”.

O alto comissário pediu a seus serviços para preparar um relatório de orientação sobre a questão do racismo no esporte.

“Queremos propor um certo número de ideias claras sobre as normas relativas aos direitos humanos em eventos esportivos”, insistiu, citando os problemas de participação, de inclusão e da “luta contra a estigmatização e o racismo”.

Redação / Folhapress

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