RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O Maringá surpreendeu o Brasil ao vencer o Flamengo por 2 a 0 no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. Tudo bem que na volta, no Maracanã, sofreu um impiedoso 8 a 2 e foi eliminado, mas relacionar o feito no Paraná somente à sorte está longe de ser algo justo. Um dos primeiros clubes a aderir ao modelo de SAF no país e com finanças totalmente saudáveis, a agremiação tem metas ousadas e planeja chegar à Série B em até quatro anos.
Na véspera da estreia na Série D, fora de casa, contra o XV de Piracicaba, o presidente do Maringá, João Vitor Mazzer, de 37 anos, falou ao UOL e detalhou a situação do clube:
“O Maringá é um clube totalmente saudável há bastante tempo. Quando entramos, no fim de 2016, contratamos uma consultoria para levantar o quanto o clube devia. Fizemos 21 acertos trabalhistas, parcelamos as dívidas cíveis, conversamos com cada credor e as dívidas tributárias e fiscais. Procuramos resolver logo no começo. No vigésimo mês já tínhamos ativa a certidão negativa de débito. Quando fizemos a transição para SAF, já estávamos com a situação financeira muito tranquila. Isso já não é um problema há muitos anos”.
“A SAF veio logo no começo porque já estávamos bastante organizados. Já tínhamos um modelo provisório de S.A. Nosso modelo é uma SAF mais cooperativa, com a maioria dos investidores de Maringá, com cotas pequenas. Foi a maneira que encontramos de bancar essa arrancada”, diz
Mazzer.
INVESTIMENTO EM ESTRUTURA COM PREMIAÇÃO DA COPA DO BRASIL
O Maringá acumulou R$ 3,75 milhões por chegar até a terceira fase da Copa do Brasil, e a diretoria resolveu utilizar parte desta verba para investir em estrutura.
O clube comprou GPS para o monitoramento dos jogadores, equipamentos de viagem e fez melhorias no CT na parte de refeitório, academia, alojamento e de instalações elétricas. Além disso, está adquirindo um novo ônibus. Fora toda a parte de infraestrutura, o Maringá pôde também aumentar em quase 50% o orçamento para a disputa da Série D.
“Mesmo sem o orçamento, acredito que entraríamos num nível de competição podendo brigar pelas primeiras posições. Esse aumento agora nos coloca no grupo dos seis a oito times com maiores orçamentos da Série D”, garantiu o dirigente.
META DE CHEGAR NA SÉRIE B EM ATÉ 4 ANOS
A meta do Maringá é figurar na Série B até 2027. O clube foi vice-campeão paranaense ano passado e chegou nas semifinais em 2023, além da campanha expressiva na Copa do Brasil. A ideia de João Vitor Mazzer é, se possível, estar na Série B até mesmo antes, na criação da Liga, em 2025:
“Assim como a SAF está sendo uma grande mudança no futebol brasileiro, a nova organização vai permitir que a Série B seja de um outro tamanho muito em breve, e queremos estar lá quando isso acontecer”.
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Disputa da Série D
“Nosso grupo é muito difícil, mas o objetivo é classificar em primeiro ou segundo para que tenhamos bons cruzamentos no mata-mata. São 64 times para quatro vagas, é o maior campeonato e o menor percentual para subir. Estudamos as campanhas dos últimos times que subiram e acreditamos ser possível. A competição é complicada, mas acreditamos que somos um dos candidatos ao acesso”.
Treinador há 3 anos no cargo
“Temos um alinhamento muito grande com ele [Jorge Castilho]. Podemos falar que temos hoje, sim, essa filosofia de manter treinador, pois queremos mantê-lo por um bom tempo. Claro que sabemos como é o mercado, mas só aceitamos que ele saia para um time maior. Achamos que esse trabalho de vários anos com o mesmo treinador é muito positivo”.
Vitória sobre o Flamengo
“Foi um dia muito marcante. Fizemos uma ação muito grande e tínhamos muita expectativa. E vamos ser francos agora que já passou: se nós não tivéssemos ganho, tivéssemos empatado ou perdido e jogado bem, já seria um momento muito marcante para a história da nossa cidade, e ter feito esse jogo como foi, com superioridade em campo e no placar, realmente foi a cereja do bolo”.
Saída de quatro jogadores antes do jogo de volta
“Faz parte do planejamento. Não teríamos o time que tivemos no Paranaense e na Copa do Brasil se não tivéssemos esse planejamento, porque quando contratamos um atleta para um campeonato de alto nível que é o Paranaense, ele já não está num nível de Série D, está acima, então temos um compromisso claro que, tendo uma proposta de Série B ou A, vamos liberar. Enquanto as pessoas estão olhando os jogadores que perdemos, eu estou olhando os que conseguimos contratar para jogar Paranaense e Copa do Brasil”.
BRUNO BRAZ / Folhapress