Zelenski reforça elos com Otan, mas não convence Sul Global em 1º dia do G7

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, mergulhou em uma missão dupla nos últimos dias: instar os países ricos da Otan a manterem seu apoio financeiro às forças ucranianas na guerra contra os russos, ao mesmo tempo em que tenta convencer nações do Sul Global que ainda se recusam a tomar partido na guerra a aderir à coalizão anti-Rússia.

O líder roubou a cena em Hiroshima, onde apareceu de surpresa para a reunião do G7, e programou conversas com líderes do G7 para reforçar o apoio desses países à Ucrânia. No sábado (20), reuniu-se com o premiê britânico, Rishi Sunak, o chanceler alemão, Olaf Scholz, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e o presidente francês, Emmanuel Macron -responsável por garantir o avião que levou o ucraniano à cúpula.

No domingo (21), ele poderá agradecer pessoalmente ao presidente americano, Joe Biden, que manifestou apoio ao plano de criar um esforço internacional para treinar pilotos ucranianos em caças avançados, incluindo os jatos F-16 -aeronave de combate que o ucraniano reivindica de seus aliados ocidentais.

A Casa Branca ainda sinalizou que pode enfim fornecer unidades do modelo a Kiev, pedido a que resistiu por meses. Biden ainda deve anunciar no Japão mais um pacote de ajuda militar à Ucrânia de US$ 375 milhões (R$ 1,9 bilhão, na conversão atual), segundo a agência Reuters.

Zelenski ainda se encontrará com o premiê japonês, Fumio Kishida, anfitrião da cúpula, em seu último dia.

Se as reuniões bilaterais demonstram que o apoio da Otan e aliados à Ucrânia segue firme, não está claro se Zelenski foi totalmente bem-sucedido em sua outra missão. Depois de um impasse que durou todo o sábado, deve enfim conversar pessoalmente com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no final da tarde do domingo –fontes que pediram anonimato confirmaram que o petista aceitou o pedido do ucraniano.

O ucraniano conseguiu, porém, se reunir com o premiê indiano, Narendra Modi, no sábado. Após a conversa, este disse que a Índia fará “todo o possível” para resolver o conflito. Zelenski disse ter apresentado “em detalhe a fórmula ucraniana de paz e pedido à Índia para se juntar à sua implementação”, e agradeceu o líder por apoiar a integridade territorial do país.

Brasil e Índia têm frustrado nações ricas por seus posicionamentos em relação à guerra. Brasília apoiou a resolução da ONU de fevereiro que condenou a invasão russa, mas se recusou a enviar munição para Kiev, como proposto pela Alemanha.

Além disso, Lula fez recentemente uma série de declarações no sentido de equiparar as responsabilidades de ambos os países envolvidos no conflito. Já Nova Déli se absteve na votação da resolução da ONU e intensificou suas importações de petróleo da Rússia, minando os esforços da Otan para sufocar financeiramente o governo de Vladimir Putin. Tanto Modi quanto Lula já conversaram com Zelenski por telefone anteriormente.

Antes de chegar a Hiroshima, Zelenski fez uma parada também inesperada na reunião da Liga Árabe, na Arábia Saudita. Apesar de pressões dos EUA, a maioria das nações árabes reluta em tomar partido em uma guerra que enxergam como disputa entre superpotências.

Em Jiddah, Zelenski exortou os árabes a salvarem ucranianos das “jaulas das prisões russas”. “Infelizmente, há alguns no mundo, e aqui entre vocês, que fecham os olhos para essas jaulas”, disse. “Estou aqui para que todos examinem essa questão.”

Redação / Folhapress

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