Brasil perde Elifas Andreato, um dos maiores designers gráficos da história

Elifas Andreato, ilustrador e um dos maiores designers gráficos do Brasil, responsável por inúmeras capas de discos que entraram para a história e de livros, além de cartazes e outros trabalhos, morreu aos 76 anos, na madrugada desta terça-feira, 29.

A informação foi divulgada por seu irmão, o ator Elias Andreato, em seu perfil no Instagram. Elifas Andreato estava internado desde a última semana, após ter sofrido um enfarte. Estava prevista para as 16h desta terça-feira a cremação de seu corpo, no Crematório da Vila Alpina, na zona leste de São Paulo.

 

 

Na foto que escolheu para comunicar a morte de Elifas, um desenho do irmão que retrata a bandeira do Brasil dentro de uma lágrima, havia os dizeres “Adeus meu irmão amado” e ela vinha acompanhada de uma carta: “Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino. Tudo o que ele tocava com as suas mãos virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria. Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via. Se o quarto era apertado, ele criava castelos longínquos. Se a fome era tamanha, ele pintava frutos madurinhos. (…)”.

 

 

Elifas Andreato nasceu em Rolândia, em 22 de janeiro de 1946. Viveu com a família em cortiço e fazia pequenas esculturas com material que encontrava no lixo. Na adolescência, foi operário em uma fábrica de fósforo em São Paulo. Começou a fazer caricaturas e a pintar murais. Foi estagiário em agência de publicidade até chegar à Editora Abril, onde ganhou destaque por ter feito, em 1970, a coleção de fascículos História da Música Popular Brasileira. Foi aí que a cara das capas de discos começou a mudar.

Ao longo de mais de 50 anos de carreira, fez mais de 300 capas de discos de artistas como Chico Buarque, Elis Regina, Adoniran Barbosa, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Toquinho e Vinicius de Moraes. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão Ópera do Malandro, de Chico Buarque, A Rosa do Povo, de Martinho da Vila, Arca de Noé, clássico que embalou gerações de crianças brasileiras, e Nervos de Aço, de Paulinho da Viola.

 

jornal O Estado de S.Paulo

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