Caio Manhente fala sobre os desafios de viver um personagem depressivo em ‘Vai na Fé’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um garoto no início da vida adulta que vive em um ambiente familiar longe de ser tranquilo. É esse personagem que Caio Manhente interpreta em “Vai Na Fé” (Globo) e que está desafiando o ator a representar uma pessoa que sofre da doença do século –a depressão.

Rafa, seu papel na novela, vem desabrochando ao longo da trama, que chegou ao capítulo 100 na semana passada. Mas, para o intérprete, a grande virada no papel ainda está por vir. O menino recluso e introspectivo vive novos e emocionantes momentos ao começar a namorar Kate (Clara Moneke). Mas ele não sabe que ela já viveu um caso seu pai.

“Tenho medo do que pode acontecer. Não sei se o Rafa vai ter força para aguentar essa pancada. Talvez ele regrida na evolução que fez até aqui”, diz Caio em entrevista ao F5. “Mas torço para o Rafa entender que a Kate foi usada e manipulada pelo Theo (Emílio Dantas), que é muito mais velho e se aproveitou dela. Eu não queria que a raiva do Rafa caísse sobre ela.”

No início da trama, escrita por Rosane Svartman, a personagem de Clara se envolveu com Emílio, mas o romance não acabou bem -o que não surpreende, já que o empresário é um vilão clássico, mau caráter até dizer chega. Além de ter um relacionamento abusivo com a esposa Clara (Regiane Alves), ele ainda estuprou a protagonista Sol (Sheron Menezzes), quando ela ainda era adolescente.

“É difícil torcer para o Theo não ser preso. Quem não torce por isso, quer ver ele morto, mas eu prefiro ver as pessoas presas. Ele tem que pagar por todos os crimes que cometeu, é muito importante a novela mostrar que ele é um assediador, um abusador e um estuprador. E se o Rafa puder contribuir nisso, melhor ainda”, conta.

Caio diz sentir uma grande responsabilidade em interpretar um personagem que passa por um quadro depressivo. A preparação para as cenas de crises de ansiedade inclui exercícios de respiração e um guia de áudios.

“Sempre me mantenho mais concentrado e mais sozinho. Uso fone de ouvido nesses momentos e aprendi uma maneira diferente de controlar a respiração para justamente atingir esse estado que é sentir o peito apertando e esse sufocamento que vem com crises de ansiedade”.

Caio diz que toma muito cuidado para evitar que o público subestime a importância da volta ao psicólogo para a melhora de seu quadro, como se somente a descoberta do amor e o namoro com Kate fossem essenciais. “Ela foi a primeira que olhou para o Rafa e não o julgou, mas partiu muito dele de entender e bancar a necessidade de se cuidar e se tratar”, afirma.

Outra discussão em jogo é a dos relacionamentos inter-raciais. O ator afirma que nunca pensou muito no assunto antes da novela, mas que a relação dos dois pressupõe muitas questões a serem discutidas. “Além de raça, tem a representação de gênero e classe. O Rafa é um menino rico e a Kate vem do subúrbio e enfrenta várias dificuldades na vida”, diz. “Torço muito pelos dois”.

MARIA PAULA GIACOMELLI / Folhapress

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