RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL-RJ), abriu um palanque para o presidente Lula (PT) e discute investimento do governo federal na Baixada Fluminense, um dos principais redutos do ex-presidente Jair Bolsonaro e alvo de interesse dos petistas fluminenses.
O convite e as negociações com a União realizadas quarta (12) e quinta-feira (13) fazem parte da gradual aproximação de Castro, que apoiou Bolsonaro no ano paO governador convidou Lula para participar da inauguração em julho do Rio Imagem da Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu, uma de suas principais obras para a Saúde. Castro também se reuniu com o ministro Rui Costa (Casa Civil) para discutir repasse de recursos federais para corredores de ônibus na mesma região.
O Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do país, foi um dos poucos estados não reconquistados pelo PT na vitória presidencial do ano passado -o outro foi o Amapá, que possui o 26° eleitorado.
A Baixada Fluminense é uma das áreas em que Lula teve dificuldades de obter apoio político na eleição do ano passado. A região tem uma população evangélica que aderiu em peso ao bolsonarismo.
O único aliado de Lula na região é o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos), cuja mulher, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), está ameaçada de demissão por pressão da União Brasil.
A aproximação administrativa de Castro é vista entre petistas como uma forma de tentar ter nova entrada na região. Ao mesmo tempo, sabe-se que ainda não se trata de um aliado.
Os acenos do governador do Rio de Janeiro vêm acompanhados de demandas. Além da Transbrasil, obra estimada em R$ 1 bilhão, Castro vem solicitando a revisão do Regime de Recuperação Fiscal e a solução para a concorrência entre os aeroportos Santos Dumont e Galeão.
Após dois anos com orçamento folgado graças à concessão de serviços de saneamento básico, o estado começa a ter novos sinais de fragilidade financeira.
Auxiliares apontam que Castro mantém seu apoio a Bolsonaro. Mas lembram que, na campanha do ano passado, ele sempre justificou o endosso em razão do apoio dado pelo governo federal ao estado. O mesmo, sugerem, pode ocorrer com Lula.
O governador mantém relação tensa com a direção do PL numa queda de braço sobre as decisões de candidaturas para as prefeituras do Rio de Janeiro no ano que vem. Castro vem buscando se distanciar de nomes bolsonaristas, que mantém força dentro do diretório fluminense.
Ao longo da campanha, Castro já sinalizava não ter interesse em manter relação tensa com Lula em caso de vitória. Evitou criticar o petista em entrevistas e palanques, buscando apenas justificar a razão de seu apoio a Bolsonaro.
ITALO NOGUEIRA / Folhapress