Como Anitta deu pontapé no sucesso da produtora Hitmaker

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – “Isso é hitmaker, fi”. A frase de quatro palavras dita por Kevinho na música “Encaixa”, de 2017, virou tendência para os artistas que lançariam música com a produtora Hitmaker nos anos seguintes. Artistas como Lexa, Luísa Sonza e Anitta espalharam o “carimbo” dos produtores, que hoje é padronizado e dito da seguinte forma: HI-T-MA-KER.

Quem são os hitmakers? A dupla é formada por Wallace Vianna, 35, e Pedro Breder, 30. Desde o ano passado, os artistas, responsáveis por sucessos como “Combatchy”, de Anitta; “Favela Chegou”, de Ludmilla; “Só Depois do Carnaval”, de Lexa, e “Não Sou Obrigada”, de Pocah, deixaram de estar só nos bastidores e agora também aproveitam os holofotes.

A mudança veio com um empurrãozinho de Anitta, como os produtores contaram em entrevista ao UOL. “A gente foi gravar ‘Combatchy’ com a Anitta no estúdio, e aí do nada, ela falou assim: ‘cara, por que vocês não começam a cantar?'”, contou Wallace. A dupla desconversou, mas mudou de ideia quando a cantora se oferecer para gravar com eles.

Com Anitta, lançaram “Ai Papai” e “Nu”. No final de maio, veio o primeiro EP da Hitmaker, “Digital Maker”, com quatro músicas.

RELAÇÃO COM OS ARTISTAS – E COM A MÚSICA

O processo de produzir música não é “industrializado”, segundo Wallace. “A arte nasce a partir do indivíduo. Ao fazer uma música para o Kevinho, ele traz com ele os gostos dele, o vocabulário que ele usa, ele tem um público dele, os trejeitos dele e tudo que funciona por ele ser aquilo. Se a gente aplicasse a mesma composição do Kevinho e jogasse, sei lá, pro Matuê, ou pra outro artista, não ia funcionar”.

“Por exemplo, se a gente pegasse a música Beijinho no Ombro, da Valesca, e botasse para ser gravada pela Lexa, não teria acontecido nada. Da mesma forma que se a gente pegasse Sapequinha da Lexa e colocasse para a Valesca, não ia dar em nada. Porque não é uma música, é o que ela representa, é uma extensão do artista”, conta Wallace Vianna

Breder exemplifica, lembrando a relação com Luísa Sonza durante a produção do álbum Pandora (2019). “Foi um momento muito difícil para ela, pelo casamento, que ela tava saindo. Ela passou por um momento de muito hate na internet, exagerado. E psicologicamente, ela tinha que ser muito forte naquele momento”.

“A gente dividiu bastante coisa muito profunda com ela, ela passou momentos bons e momentos ruins durante todo esse processo de álbum. Tanto é que no álbum tem música de festa, e também música triste, muito pessoais, muito íntimas. […] Por isso que ela também botou o nome do álbum de Pandora, onde você abre a caixa e vê várias coisas. Então, para conseguir traduzir esses sentimentos todos, você tem que entrar muito na vida da pessoa”, conta o produtor.

CARREIRAS SEPARADAS ANTES DA PRODUTORA

Wallace e Breder montaram a produtora em 2017. Os dois já tinham vários trabalhos em comum -um era compositor e o outro produtor- eles só não sabiam disso.

“Na época não tinha tanto a facilidade das plataformas de streamings, que você abre o crédito lá e tá todo mundo, quem produziu, quem distribuiu e tal. Então muitas vezes a gente não sabia quem compôs, quem produziu, quem foi arranjador?”, contou Breder. “A gente já tinha diversos trabalhos durante anos juntos e não sabia. Aí a partir daí, o Wallace falou: ‘pô, então vamos fazer a produtora’. Aí fechou”.

Wallace sempre quis ser cantor e começou aos 17 anos no pagode, mas passou a evitar os palcos após a assinatura de um contrato. “Eu acabei assinando contrato errado com um empresário ‘171’, como a gente chama aqui no Rio de Janeiro. Esse contrato me prendeu durante 10 anos me impossibilitando de cantar, porque se eu cantasse, obviamente eu tinha que pagar o percentual dele, mas como ele me roubava, eu não achava justo”.

Já Breder preferia os bastidores, mas encarou a mudança na carreira como um desafio. “Eu sempre fui muito tímido, por isso que escolhi ser produtor […] Mas é muito tempo fazendo a mesma coisa, fica aquela vontade de querer ter de novo um friozinho na barriga. Nós chegamos mais ou menos no auge do que uma produtora pode chegar, então fizemos um desafio”.

Escolha do nome da produtora e da dupla. “Eu tinha alguns ídolos compositores, como o Michael Sullivan, que é um dos maiores compositores de todos os tempos do mundo. Ele tinha um parceiro de composição na época, que era Michael Sullivan e Paulo Massadas”, contou Wallace.

“Uma vez eu li que o Michael era hitmaker […] Quando a gente foi fundar a Hitmaker, eu falei: ‘cara, tem que achar um nome pra empresa, Hitmaker’. Foi assim que começou”, disse Wallace Vianna.

O “carimbo” das músicas com a palavra hitmaker foi feita com a voz de Maitê, filha de Wallace de 6 anos. “Se todo mundo no meio artístico, das gravadoras, empresários, na verdade, até na família (ele é chamado de “tio hitmaker”) conhece a gente como Hitmaker, vamos manter, porque são as mesmas pessoas fazendo as mesmas músicas. Não faz sentido botar Wallace Vianna e Breder. Vai de Hitmaker”.

ANE CRISTINA / Folhapress

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