SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como Arábia Saudita gasta bilhões para atrair empresas de games, craques internacionais e grandes torneios para tentar limpar imagem do país e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (16).
**POR QUE ARÁBIA SAUDITA GASTA BILHÕES COM GAMES E ESPORTES?**
Dinheiro não é problema para a Arábia Saudita, imagem, sim. A solução encontrada para tentar resolver isso é gastar os bilhões que acumula.
O reino despeja uma fortuna em subsídios para atrair multinacionais e movimenta cifras tão grandes ou maiores para sediar empresas de games e grandes eventos esportivos.
Em números: os recursos vêm do Fund Investiment Public (FIP), fundo que tem patrimônio estimado em US$ 650 bilhões (R$ 3,1 trilhões) e é presidido pelo príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.
Nos games, o orçamento é de US$ 38 bilhões (R$ 183,2 bilhões) para a Arábia Saudita se tornar o principal centro global de esports em até sete anos, de acordo com o Financial Times.
Foram quase US$ 8 bilhões (R$ 38,5 bilhões) nos últimos 18 meses em aquisições e aumento de participação em empresas globais, como Nintendo, Activision Blizzard e Ubisoft.
Nos esportes, o movimento mais recente veio na semana passada, quando o LIV Golf, apoiado pela Arábia Saudita, anunciou uma fusão com a rival americana PGA Tour por cerca de US$ 3 bilhões (R$ 14,4 bilhões).
Os investimentos também acontecem no exterior. O FIP gastou 305 milhões de libras (R$ 1,8 bilhão) para comprar o Newcastle, time da liga inglesa.
Em terras sauditas, os clubes apoiados por Bin Salman trouxeram o atacante francês Karim Benzema, por R$ 527 milhões ao ano, e o português Cristiano Ronaldo, com salário anual de R$ 1 bilhão.
Eles também tentaram atrair o argentino Lionel Messi, que acabou indo para os EUA.
O grande sonho do governo por trás dos investimentos é sediar a Copa do Mundo de 2030.
O que explica: oficialmente, o reino saudita diz estar procurando maneiras de diversificar suas receitas, hoje muito focadas no petróleo, combustível fóssil que deve perder força no futuro.
Mas os críticos afirmam que a estratégia é um processo de limpeza mundial da imagem do país. A estratégia de usar o esporte para isso é antiga e classificada por estudiosos como “sportswashing”.
“É quando um líder político usa o esporte e eventos como Copa para tentar se mostrar legítimo e melhorar sua reputação”, define o cientista político Jules Boykoff, 52 (aqui ele falou sobre como o Qatar fez isso com a Copa);
“O que ele quer é desviar a atenção de problemas reais crônicos, como violação de direitos humanos”, explica.
A Arábia Saudita é lembrada por casos de agressões a direitos humanos e execuções, como a do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018. A CIA acusa Bin Salman de ter ordenado o assassinato. Ele nega.
**SANTOS DUMONT X GALEÃO**
O governo Lula concordou nesta quarta (14) em restringir os voos no aeroporto Santos Dumont para transferir parte da operação ao aeroporto internacional do Galeão.
A afirmação é do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que prevê que a mudança comece a partir de janeiro de 2024.
Entenda: o Santos Dumont deve ficar apenas com as pontes aéreas do Rio para São Paulo e do Rio para Brasília. Os demais voos domésticos seriam deslocados para o Galeão.
O que explica: a disputa envolvendo o tráfego entre os dois aeroportos não é de hoje e chegou a gerar no ano passado um pedido de devolução do Galeão pela concessionária, que é controlada pela Changi, de Singapura.
Em 2022, o Santos Dumont recebeu 10,17 milhões de viajantes, quase o dobro do terminal internacional (5,7 milhões).
As autoridades locais defendem que o tráfego seja direcionado ao Galeão, que passou por esvaziamento, para que ele possa atrair mais voos do exterior.
Os usuários reclamam do acesso ao aeroporto, que é feito por vias como a Linha Vermelha. Os relatos são de engarrafamentos e de uma sensação de insegurança devido a casos de violência na região.
O Santos Dumont fica próximo de empresas no centro do Rio e de pontos turísticos da zona sul.
Entre os especialistas, o assunto divide opiniões, como mostrou reportagem da Folha em fevereiro.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress