Depois de um longo e temebroso inverno, e atendendo a um singelo pedido do presidente da Casa de Leis, Linconl Fernandes, este corneta levantou a grande bunda da cadeira e voltou a cobrir, in loco, as sessões da Câmara. É tanta coisa divertida que rola no Legislativo que irei publicar, às quartas e sextas, uma coluna de notas com os bastidores e curiosidades da Câmara. Segue a primeira. Espero que se divertam como eu me diverti.
Rolo compressor
Acompanhando a sessão da Câmara e conversando pessoalmente com os vereadores, fiquei com uma certeza. A base do prefeito Duarte Nogueira (PSDB) está passando um rolo compressor na oposição. Discretamente, longe dos holofotes, a realidade é que o prefeito construiu a maioria, hoje, para não ter desgaste com o Legislativo. Passa fácil o que precisa. O resto é retórica.
Saída honrosa
A incapacidade da oposição em forçar a rejeição do projeto do prefeito, que substitui o projeto de Jean Corauci (PDT) sobre o IPTU Verde, é a prova cabal disso. Os oposicionistas tiveram que se contentar com algumas emendas. O projeto original, de autoria do vereador, será revogado quando o novo projeto, aprovado ontem, for publicado.
Ausente, mas presente
Embora o placar da Câmara marcasse presença, o vereador André Trindade (DEM), líder do governo, não ficou no plenário boa parte do tempo. Os debates no salão reservado da Câmara foram quentes. Enquanto os servidores protestavam, a articulação comia solta. Voltou ao plenário logo que os servidores deixaram o local e viu a aprovação de todos os projetos de interesse do prefeito.
O homem de um voto só
Questionado sobre a articulação de Nogueira e as seguidas derrotas da oposição, Linconl Fernandes (PDT) admitiu a dificuldade. “Eu controlo o meu voto, não o dos outros vereadores”, disse, em conversa com o corneta durante a sessão. Aproveitou, ainda, para rogar uma praga, a La Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, inesquecível personagem de Chico Anísio, no alcaide ribeirão-pretano. “Em um ano, Nogueira vai sentir a maldição dos aposentados. Não se mexe no pagamento dos aposentados impunemente”, disse, em referência ao parcelamento do pagamento das aposentadorias e benefícios de servidores da prefeitura.
Não deu match
Orlando Pessoti (PDT, por enquanto) foi um dos que usou a tribuna para desabafar. Ficou magoado com um secretário da administração Nogueira, que, na visão dele, não o tratou com a devida deferência que o cargo exigie. “Quando a gente procura um secretário, a gente quer resposta. Procurei um secretário, e ele me respondeu no whatsapp com um joinha. Tive que mandar para o prefeito”, disse.
Sem entender
Gláucia Berenice (PSDB, por enquanto, de saída para o DEM) aproveitou a oportunidade para alfinetar o colega Orlando Pessoti, que negocia sua ida para o ninho tucano. “Você que sabe tudo o que acontece nos bastidores, me explica, qual a lógica desses votos? Não estou entendendo mais nada”, comentou, perguntando ao corneta corneta, ressaltando que alguns integrantes da chamada “base” votaram contra o interesse da prefeitura no projeto que substituiu a lei IPTU Verde, de Jean Corauci. A resspota do corneta? “Se descobrir, me conta”.
Desabafo
Elizeu Rocha (PP) aproveitou o embalo para criticar o governador João Dória (PSDB) na tribuna da Câmara. Magoado por não ser atendido (nem recebido) pelo governador em oportunidades anteriores, soltou o verbo sem dó. O vice-líder do governo Nogueira não poupou o governador. “Ele enganou a todos nós. Foi eleito na carona, dizendo que era a favor do Bolsonaro, e agora deu uma facada nas costas dele”, disse. Finalizou apontando questões pontuais da saúde. “Obrigado por mandar fechar 24 leitos no hospital Santa Tereza”, agradeceu, ironicamente, o vereador.