Levantamento aponta que Santos tem 319 prédios tortos; veja se o cartão postal santista é seguro

Foto: Unicamp / Reprodução
Vídeo: Eduardo Malta / malta.drone

Quem passa pela avenida da praia de Santos e vê os prédios tortos se assusta. Alguns lembram a Torre de Pisa, na Itália. Mas, aí vem a dúvida: Será que é seguro ou existe a possibilidade deles cairem? O que fez eles “entortarem”? Como será que vivem os moradores?

Em um vídeo, é possível ver os prédios. É difícil não se impressionar. (veja o vídeo acima)

A reportagem do THMais conversou com uma moradora de um dos prédios tortos de Santos e com o presidente do Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon), Rubens Moscatelli, para saber se esse cartão postal da cidade é realmente seguro.

De acordo com a Prefeitura de Santos, atualmente são 319 prédios tortos na cidade, sendo que 65 apresentam maior inclinação. A administração municipal diz que não há apontamento de risco estrutural capaz de ocasionar a queda destes edifícios . O levantamento foi feito em resposta a um requerimento endereçado ao município,pelo vereador José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira (PP).

“Todos os prédios tortos são acompanhados pela Seção de Inspeção de Estruturas, da Coordenadoria de Fiscalização, Segurança e Normas Técnicas da Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi), por meio do Programa dos Prédios Inclinados de Santos, que faz o acompanhamento das medições de desaprumo detectadas nas novas medições que são acompanhadas, ou mesmo fazem parte, dos laudos de autovistoria da Lei Complementar 441 de dezembro de 2001. A periodicidade da apresentação desses laudos dos imóveis pluri-habitacionais de Santos segue o que determina a Lei 441/2001 – depende da idade da edificação e de sua altura.”, ressaltou o poder público.

De acordo com a prefeitura, o responsável técnico pelo laudo, engenheiro ou arquiteto legalmente habilitado (cadastrado na administração municipal), responsável técnico, civil e criminal por suas conclusões, verifica a necessidade de obras de reparos ou de manutenção da edificação e a prefeitura, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Edificações (Siedi), realiza a intimação para execução das obras ou serviços indicados.

Vivência no prédio

Moradora de um desses prédios, localizado na Avenida Vicente de Carvalho, no bairro do Boqueirão, a professora Maria Isabel disse que veio morar com os pais no condomínio, há 47 anos, quando era criança. A munícipe não se recorda muito do início, pois tinha apenas 12 anos, mas hoje ela se acostumou a “viver nessa vida torta”.

Ela também disse que além de um cartão postal de Santos, o prédio dela já abrigou pessoas especiais. “Aqui no prédio já morou a Lila Covas, quando viúva do ex-governador Mário Covas. Eu me tornei amiga da Lila.”, conta.

Maria diz que não tem medo pois, segundo ela, está tudo em ordem, de acordo com o laudo técnico. Quem realmente fica com receio são as pessoas que vão comprar o apartamento.

Porque os prédios são tortos?

De acordo com o presidente do Sicon, Rubens Moscatelli, na época em que eles foram criados, não se tinha conhecimento pleno do solo. “Após alguns estudos, o solo da orla de Santos foi considerado um dos piores solos do mundo para a construção”. Então, quando se fez os cálculos para edificar os novos prédios, não foi considerada a questão do solo e por isso causou, ao longo do tempo, um entortamento”, explicou.

É perigoso?

Segundo o presidente, não há perigo de morar ali. “O risco atualmente não existe pois, a partir dos anos 2000, entrou em vigor uma legislação que determina que, periodicamente, toda edificação seja levada a uma perícia, para que se verifique eventual instabilidade e outras condições técnicas que possam gerar risco a outras pessoas”, explicou Moscatelli.

Quando perguntado se existe a possibilidade de desentortar os prédios, o presidente explicou que, em algumas situações, é possível com um processo tecnológico de estabilização.

A administração municipal diz que atualmente, a Siedi vem convocando alguns edifícios para reuniões presenciais com seus representantes legais, engenheiros responsáveis pelo monitoramento das edificações e autores dos laudos de análise estrutural, para conhecer as providências que os condomínios vêm tomando para execução de obras de recuperação, nivelamento, controle de desaprumo, dentre outras disposições.

Valorização do imóvel

Virando esse cartão postal da cidade, os prédios tortos tendem a ser mais valorizados . Mas, é preciso sempre alertar o comprador. “É importante que o comprador tenha conhecimento dessa situação, até para avaliar se aquele valor que está sendo oferecido do imóvel é condizente com eventuais futuras manutenções”, finaliza Moscatelli.

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