SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O anúncio de que uma nova greve dos roteiristas de Hollywood terá início a partir desta terça-feira não pegou os estúdios necessariamente de surpresa.
Discutida desde o final de 2022 e aprovada pelo Sindicato dos Roteiristas em abril, a greve deve afetar os estúdios de forma muito menos intensa do que a realizada entre novembro de 2007 e fevereiro de 2008, quando uma onda de demissões tomou conta de Hollywood, gerando uma crise econômica no Estado da Califórnia.
Com o advento do streaming e a produção de obras exclusivas para o digital, muitos estúdios pretendem cobrir os vácuos dos trabalhos paralisados. Se a Netflix considera ter conteúdo suficiente para absorver o problema, a Warner Bros. talvez seja a que mais sofra, uma vez que seu CEO, David Zaslav, congelou as principais produções para seu serviço de streaming, Max -antigo HBO Max.
Entre 2007 e 2008, a greve dos roteiristas paralisou pelo menos 10 séries de grande porte e causou uma crise que levou anos para ser devidamente estancada. Lembre abaixo as principais séries afetadas pela paralisação de 15 anos atrás.
*
Pushing Daisies
Exibida no Brasil pela Warner, a série de Bryan Fuller estreou em 2007 com a previsão de 22 episódios. Elogiada pelo público e pela crítica, abocanhou uma sucessão de indicações ao Emmy, levando o de Melhor Atriz Coadjuvante para Kristin Chenoweth. Entretanto, a greve afetou diretamente a produção, que precisou cortar seu planejamento pela metade e guardar seu desenvolvimento para a segunda temporada. Deu certo e a série continuou elogiada, mas o público não retornou.
30 Rock
A hoje clássica série de Tina Fey que punha o foco nos bastidores de um canal de TV também sofreu no desenvolvimento de sua terceira temporada, que precisou adiar episódios especiais, como um feito ao vivo, que ficou para a quinta temporada. A série se envolveu em um inferno criativo, iniciando as gravações de sua terceira temporada apenas quando a greve teve fim, o que impediu que o conteúdo fosse afetado aos olhos do público.
Scrubs
A sátira médica da NBC sofreu em suas últimas temporadas. Com a greve, a produção foi paralisada, mas precisou retomar os trabalhos com roteiros extras, o que afetou a audiência e fez com que a emissora cancelasse a produção antes de sua temporada final, em 2008. Dois anos depois, a rede ABC recuperou a série e lhe deu mais duas temporadas.
Heroes
A série sobre um grupo de pessoas que descobre ter superpoderes e se reúne para salvar o mundo foi aclamada por crítica e público em sua primeira temporada, exibida em 2006. Embora já vivesse um inferno criativo com sucessivas brigas entre diretores e roteiristas em sua segunda temporada, foi a greve que causou problemas entre sua segunda e terceira temporada, com personagens que não caíram nas graças do público, fazendo com que a série despencasse no ibope e fosse cancelada em sua quarta temporada.
Breaking Bad
Embora não tenha sofrido tanto quanto as outras, a produção da AMC teve sua dinâmica repensada após a greve dos roteiristas. Ainda na primeira temporada, os nove episódios da série viraram sete e muitos personagens tiveram seu desenvolvimento alterado. Seria no final da primeira temporada que o professor Walter White seria descoberto como o grande chefe do tráfico, desfecho que foi deixado para o futuro.
Redação / Folhapress