Deltan encontra suplente que reivindica vaga e ouve piadas e conselhos; veja vídeo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – No dia seguinte à decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que cassou seu mandato, o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que teve 345 mil votos, se encontrou no plenário da Câmara com o suplente do seu partido que reivindica sua vaga: Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR).

Ele teve 11.925 votos no pleito de 2022 e não foi eleito.

Na breve conversa ocorrida na noite desta quarta-feira (17), e que contou com participação também do deputado Coronel Tadeu (PL-SP) e do ex-deputado Afredo Kaefer (PR), o ex-coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba ouviu piadas e conselhos sobre a sua situação e se limitou a sorrisos e uns poucos monossílabos.

Ao encontrar Deltan, Hauly fez ao ex-procurador considerações jurídicas sobre a possibilidade de assumir a sua vaga. “O cara lá do tribunal, não quer nenhuma vaga para nós [do Podemos]. (…) Eu não pedi nada disso, eu estava no meu conforto”, afirmou o ex-deputado a Deltan.

Hauly foi deputado federal por sete mandatos, mas não conseguiu se reeleger em 2022, ficando na suplência.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná decidiu que a vaga deve ser ocupada por Itamar Paim (PL), um pastor de Paranaguá, que teve 47 mil votos, conforme informou o Painel.

O Podemos defendia que Hauly substituísse Deltan, mas o PL argumentou que ele não havia atingido o quociente eleitoral mínimo e reivindicou a vaga. A postulação foi confirmada pela Justiça Eleitoral do estado.

Hauly, porém, disse que recorrerá da decisão, levando a palavra final para o TSE.

Na decisão que cassou o mandato de Deltan, o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso, disse que os votos do ex-procurador devem ser mantidos com o Podemos, tese que, se prevalecer, dará a vaga a Hauly.

“Depois nós falamos, querido. Firme, firme. Você é jovem e tem uma luta grande pela frente”, disse Hauly a Deltan, ao final.

Antes, no início da conversa, o ex-procurador ouviu por alguns minutos uma história de Kaefer.

“Você que foi cassado e a vítima quase fui eu! Quase caiu no meu colo”, exclamou Kaefer ao ver o ex-coordenador da Lava Jato. Não é possível saber, apenas pelo teor da conversa, a que o ex-deputado se referia.

Logo em seguida, Kaefer relatou que também havia sido barrado pela Lei da Ficha Limpa.

“Sou quase vítima que nem você”, disse, acrescentando em seguida que havia tentado se candidatar após cumprir uma pena à qual havia sido condenado.

“A Lei da Ficha Limpa diz que cumprida a pena, você só pode disputar oito anos depois. Eu arrisquei, fui para a eleição, e 15 dias antes o TRE impugnou minha candidatura. Digamos que, legalmente, eles até tinham razão. Mas tem que mudar a Lei da Ficha Limpa, não é possível, isso é maior aberração jurídica que existe.”

Antes de se despedir, Kaefer também aconselhou Deltan a recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

“Supremo, com cinco [votos] você consegue, você sabe que só tem dez votos [ao todo], você só tem que conseguir cinco”, afirmou, em referência à aposentadoria de Ricardo Lewandowski, vaga que ainda não foi reposta.

Como em toda conversa, Deltan se limitou a sorrir e assentir com a cabeça.

RANIER BRAGON / Folhapress

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