Dólar fecha abaixo de R$ 5 após desaceleração do PIB dos EUA; Bolsa tem alta

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar fechou em queda nesta quinta-feira (27) após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre dos Estados Unidos, que cresceu menos que o esperado. Já a Bolsa fechou em alta após bons números do volume do setor de serviços e emprego no Brasil.

O Ibovespa fechou em alta de 0,60%, a 102.923 pontos. Já o dólar comercial teve queda de 1,56%, a R$ 4,979.

Os mercados futuros no longo prazo tiveram queda, com os contratos de juros com vencimento para 2029 indo 12,07% para 12,03%. Para 2027, os juros ficaram em 11,70%, enquanto os de 2025 sobem de 11,84% para 11,94%.

Nos EUA, houve a divulgação de que a economia do país teve alta de 1,1% no período entre janeiro e março deste ano, uma desaceleração em comparação ao final de 2022, quando o indicador registrou crescimento de 2,6%. Analistas consultados pela Bloomberg projetavam alta de 1,9% para o primeiro trimestre deste ano.

O dado sobre a economia americana era muito aguardado pois pode influenciar a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre os juros. Com a desaceleração, há expectativa de que a autoridade monetária dos EUA tenha mais cautela na definição de sua política monetária.

Desde março de 2022, o Federal Reserve vem promovendo um forte aperto monetário nas taxas de juros americanas para combater a inflação no país, e a escalada gera temores de uma possível recessão da economia dos EUA.

O chefe de investimentos da Indepent Advisor Alliance, Chris Zaccarelli, afirmou à Bloomberg, porém, que os dados desta quinta sugerem o “pior dos dois mundos”, com crescimento em baixa e inflação ainda em alta.

“O Fed claramente precisa continuar aumentando as taxas de juros [por causa da inflação], e o aumento vai ocorrer em meio a uma desaceleração. Estamos começando a nos preocupar sobre a real possibilidade de uma estagflação [economia com inflação em alta e que não cresce]”, disse Zacarelli.

O analista Rodrigo Cohen diz que o resultado do PIB sinaliza uma possível pausa no ciclo de alta dos juros americanos em breve.

“Com o PIB abaixo do esperado, podemos esperar que os juros deixem de subir nos EUA a partir de junho, o que gera otimismo nos investidores. Isso enfraqueceria o dólar e favoreceria os países emergentes e a economia americana”, diz Cohen.

A expectativa do mercado é que o banco central americano ainda promova uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima semana.

A queda do dólar foi puxada, ainda, pela proximidade do fechamento da taxa Ptax, usada pelo BC (Banco Central) para liquidação de contratos futuros, que ocorre nesta sexta (28), último dia útil do mês.

Se a economia americana pesou mais para o dólar, a Bolsa reagiu principalmente aos indicadores locais divulgados nesta quinta-feira.

O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou que houve a abertura 195.171 vagas formais de trabalho em março, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), acima das expectativas do mercado. Analistas ouvidos pela agência Reuters esperavam criação líquida de 100 mil empregos no período.

Contribui para o ambiente de otimismo no país, ainda, a decisão do STJ no julgamento que discutia a possibilidade de empresas usarem benefícios fiscais de ICMS para reduzir a base de incidência de dois tributos federais (no caso, IRPJ e CSLL).

A decisão restringe o mecanismo apenas para situações em que os valores são ligados a investimentos, fechando a brecha que permite que empresas usem os montantes relacionados a despesas correntes, entendimento que vinha sendo defendido pelo ministro da Economia, Fernando Haddad (PT). O STF (Supremo Tribunal Federal), porém, adiou o efeito prático da decisão, que será julgada no plenário Corte.

“Após a decisão do STJ, cresce a chance de que o arcabouço de Haddad seja factível. É inegável que a decisão foi positiva para a nova regra fiscal”, dizem analistas da Ativa Investimentos.

Além disso, IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o volume de serviços do país cresceu mais que o esperado em fevereiro. Impulsionado pelo transporte rodoviário, o setor registrou alta de 1,1%, a melhor para o mês desde 2021.

A FGV (Fundação Getúlio Vargas) também divulgou que o IGP-M recuou 2,17% nos 12 meses até abril.

Segundo analistas da Levante Investimentos, os indicadores sinalizam que a economia brasileira está voltando à normalidade. “A inflação desacelera e a atividade econômica se recupera, mesmo que abaixo de seu potencial. Apesar dos tropeços, é possível prever uma normalização das atividades ao longo deste ano”, dizem em relatório.

Nesta tarde, o Tesouro também informou que o governo central, composto por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social, teve déficit primário de R$ 7,085 bilhões em março, pior que a expectativa do mercado.

Apesar do resultado do PIB (Produto Interno Bruto), as Bolsas dos EUA fecharam em alta, ainda na esteira dos balanços positivos das grandes empresas de tecnologia.

Na quarta, a Meta, dona do Facebook, divulgou que teve lucro líquido de US$ 5,7 bilhões no primeiro trimestre, acima das expectativas do mercado, juntando-se à Microsoft e à Alphabet, controladora do Google, na esteira de resultados positivos para big techs.

O Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, teve alta de 2,43%. O Dow Jones e o S&P 500 subiram 1,57% e 1,96%, respectivamente.

MARCELO AZEVEDO / Folhapress

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