Analistas revisam para cima projeção do PIB de 2023 após surpresa positiva no 1° trimestre

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Analistas começaram a revisar suas estimativas para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil de 2023 depois que a economia brasileira surpreendeu o mercado no primeiro trimestre e cresceu acima das expectativas.

O Itaú BBA e a XP, que atualmente projetam crescimento de 1,4% da economia brasileira, disseram nesta quinta (1º) que irão revisar em breve suas projeções para o PIB deste ano. Apesar do resultado ter vindo bem acima do esperado pelas duas casas de análise, ambas projetam uma desaceleração da atividade econômica nos próximos trimestres.

De janeiro a março deste ano, a economia brasileira expandiu 1,9%, revertendo a queda de 0,2% registrada no trimestre imediatamente anterior, e acima da mediana de projeções de mercado levantadas pela Bloomberg, de 1,3%.

Para o Itaú BBA, as surpresas positivas no dado vieram da arrecadação de impostos e do setor agropecuário, que cresceu mais do que o esperado pelos analistas do banco. Com o resultado do primeiro trimestre, a instituição financeira calcula um carrego estatístico, ou seja, um impacto positivo do dado ao longo do ano, de 2,1%.

Sem ainda estipular uma projeção, a XP vê um carrego estatístico de 2,4% com o resultado do primeiro trimestre, o que deve mudar as estimativas do mercado em relação ao PIB brasileiro para um patamar entre 2% e 2,5%, segundo a casa de análise.

Para os próximos trimestres, a XP espera uma desaceleração da economia, dadas as condições no mercado de crédito, “a dissipação do impulso pós-Covid” e a desaceleração do mercado de trabalho, o que pode ser verificado pela retração da demanda doméstica nos três primeiros meses do ano. “O forte crescimento do PIB no primeiro trimestre foi em grande parte impulsionado por setores menos sensíveis ao ciclo econômico”.

A Genial Investimentos corrobora essa visão. “A forte alta no início do ano ficou concentrada em setores menos sensíveis ao ciclo de aperto monetário, sobretudo a agropecuária”. A casa de análise chama a atenção para o fato de o crescimento no Brasil no primeiro trimestre ter se apoiado muito mais na oferta, enquanto a demanda interna desacelerou. Isso fez com que a Genial revisasse sua estimativa para o PIB abaixo do carrego estatística de 2,4%, passando de 1,0% para 1,6%.

A Ativa Investimentos também revisou sua estimativa para 1,6%, de 1,2% projetado anteriormente. A casa de análise enxerga o crescimento surpreendente no primeiro trimestre como pontual, devido ao bom desempenho do agronegócio, além de uma resiliência marginal do setor de serviços.

Já o banco americano Goldman Sachs está muito mais otimista com a economia brasileira. Com uma estimativa anterior já acima da mediana do mercado (1,75%), agora a instituição financeira projeta que o PIB brasileiro deve chegar a 2,6% ao final de 2023.

“Daqui para frente, esperamos que a atividade se beneficie por estímulos fiscais e parafiscais renovados (transferências fiscais federais adicionais para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir) e expansão da massa salarial real (mercado de trabalho resiliente)”, diz o Goldman Sachs.

O banco, contudo, alerta para o enfraquecimento do impulso inicial do consumo que veio com a reabertura econômica, para condições de aperto da economia por conta dos juros altos e das condições financeiras, para o endividamento das famílias, para a geração moderada de empregos e para o mercado de crédito mais restritivo, também devido ao patamar dos juros.

O Bank of America também revisou sua projeção do PIB de 2023 bem acima de sua estimativa anterior, de 0,9% para 2,3%. Segundo o banco americano, a mudança é consistente com o PIB do primeiro trimestre e a perspectiva de que a economia permanecerá “praticamente estagnada” ao longo do ano.

O UBS espera que o Brasil tenha um PIB em 2023 melhor que a média dos últimos seis anos, de 1,5%, embora ainda no mesmo nível de 2010 a 2011. Após o dado divulgado nesta quinta, o banco suíço revisou preliminarmente o crescimento da economia brasileira neste ano de 1,5% para 1,9%.

STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress

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