Aplicativos viram principal meio para investir, mostra pesquisa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O perfil do investidor brasileiro continua sendo conservador, mas a tecnologia ganha cada vez mais espaço. É o que mostra uma pesquisa feita pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceira com o Datafolha.

O uso de aplicativos se tornou o principal meio de o brasileiro investir, segundo a 6ª edição do Raio X do Investidor. O índice passou de 33%, em 2021, para 43% em 2022, superando o percentual dos que optam por ir presencialmente ao banco -até então o meio preferido. O comportamento é liderado pelas classes A/B e C, com grande influencia da geração Z e millennials, e foi reforçado na pandemia.

A facilidade de investir pela internet requer cuidados para que a segurança dos dados não fique em risco. Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), os bancos investem cerca de R$ 35 bilhões por ano em tecnologia, sendo que deste total, 10% são voltados para a cibersegurança.

Entre os investidores, a atenção deve estar no uso da conexão com a internet, nos aparelhos onde irá acessar o aplicativo e no fornecimento de dados pessoais.

No C6 Bank o número de clientes investidores quase triplicou em um ano. O banco, que trabalha para integrar cada vez mais as opções de investimento no mesmo app das transações do dia a dia, lançou uma ferramenta de segurança que leva em conta a localização do investidor.

“A funcionalidade permite que o cliente escolha os endereços onde as informações sobre investimento podem aparecer na tela do aplicativo. Fora desses locais cadastrados, a carteira aparecerá zerada e não será possível realizar transações”, afirma Igor Rongel, chefe de investimentos do C6 Bank.

O objetivo, diz Rongel, é impedir que os recursos sejam acessados por terceiros, em situações de risco. É possível cadastrar quantos endereços o cliente desejar, mas é preciso aguardar três dias para ter a validação do banco – o que também é uma medida de segurança.

Segundo a Febraban, o uso de biometria facial, token e chave de segurança randômica estão entre outros mecanismos de segurança utilizados pelas instituições financeiras nos aplicativos. É o caso do Bradesco, que, em 2022, teve mais de 9,5 milhões de clientes realizando transações de investimentos por meio do App Bradesco. Só entre janeiro e abril deste ano, o banco registrou aumento tanto no volume quanto na quantidade de usuários: 3,2 milhões de clientes (aumento de 10% comparando ao mesmo período de 2022).

“Não há registro de violação da segurança desses aplicativos, os quais contam com o que existe de mais moderno no mundo para este assunto”, afirma a federação dos bancos.

A segurança das transações depende também do investidor. Os dados usados nos aplicativos de bancos não ficam armazenados nos aparelhos. O cliente, porém, deve ficar atento à instalação de programas espiões, que podem ficar ocultos no celular ou computador, coletando informações de navegação e dados do usuário. Confira abaixo outras formas de proteger os investimentos durante a transação por aplicativo.

**CUIDADOS COM O CELULAR E O COMPUTADOR**

– Utilize o procedimento de bloqueio da tela de início do celular Não use o recurso de “salvar senha” em navegadores e sites Deixe sempre navegadores e softwares de antivírus atualizados

– Não instale aplicações que não estejam nas lojas de aplicativos oficiais (Play Store ou Apple Store)

– Ao descartar o aparelho, faça o processo de limpeza dos dados

– Atenção à senha

– Ao criar senhas, nunca utilize nome, sobrenome, data de nascimento, apelidos e outras informações que possam ser facilmente associadas a você

– Evite utilizar informações que estejam disponíveis em redes sociais ao compor suas credenciais de acesso

– Troque essa senha com frequência e, quando possível, use autenticação de dois fatores

– Não compartilhe suas senhas com ninguém

– Nunca anote suas senhas de acesso ao banco em blocos de notas, e-mails, mensagens de Whatsapp ou outros locais em seu celular

– Não repita a senha utilizada para acesso ao seu banco para uso outros aplicativos, sites de compras ou serviços na internet

– Proteja suas senhas, não só as do app do banco ou corretora, mas também a do e-mail de recuperação que está vinculada à conta

**FORNECIMENTO DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS**

– Desconfie de SMS, e-mail ou qualquer forma de comunicação dizendo ser de seu banco, mas que seja de número de celular comum e contenha erros de escrita – Cuidado com páginas falsas. Fique atento a cada caractere da URL, além de analisar se as terminações são usuais, como .com ou .br; e se usam https://

– Não abra e-mails cujo remetente ou conteúdo sejam desconhecidos para evitar que pessoas mal-intencionadas instalem programas que capturem seus dados pessoais

– Evite realizar transações bancárias ou compras online por meio de redes públicas, como aeroportos, bares, restaurantes e shoppings

– Lembre-se dos cuidados ao utilizar conexões wireless (Wi-Fi) públicas, elas também podem ser utilizadas para comprometer seus dados pessoais

– Se seu celular for roubado, além de registrar o Boletim de Ocorrência na polícia e notificar a operadora de telefonia, é importante avisar imediatamente o seu banco para que as medidas adicionais de segurança sejam adotadas

– Fique atento! Instituições financeiras:

– Não solicitam senha, assinatura eletrônica ou tokens por telefone ou e-mail

– Não enviam e-mails solicitando desbloqueio de contas Não pedem nenhum tipo de dados pessoais por WhatsApp ou SMS

– Não enviam links para recadastramento ou desbloqueio de conta via SMS

Fontes: Febraban, Nubank, Banco do Brasil e Caixa

Raio-X do investidor

O percentual de investidores cresceu em todas as gerações de 2021 para 2022, segundo o levantamento da Anbima. Cerca de 33%, ou quase 55 milhões de pessoas, pertence à geração X (com idade entre 41 e 60 anos). O maior aumento de investidores, porém, foi na faixa da geração Z (entre 16 e 25 anos). Esta também é a que mais busca a digitalização na hora de investir.

Os bancos tradicionais ainda são os mais lembrados e mencionados espontaneamente por cerca de 8 em cada 10 brasileiros, enquanto os bancos digitais por cerca de 1 em cada 4.

A poupança segue como o produto financeiro mais familiar do brasileiro, com aumento de 11% em 2021 para 20% em 2022. Investir em ações na bolsa de valores vem na sequência.

Os dados foram coletados entre os dias 9 e 29 de novembro de 2022 por meio de 5.818 entrevistas presenciais. O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 1 ponto

percentual, para mais ou para menos. O material bruto da pesquisa está na página especial para consulta de toda a sociedade.

ANA PAULA BRANCO / Folhapress

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