Governo manobra sucessão em associação privada do setor de energia

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo atuou na eleição de um dos organismos privados mais importantes do setor de energia, a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). Na assembleia que escolheu os novos integrantes para o conselho, nesta quarta-feira (19), houve renúncia da candidata considerada favorita para acomodar a indicação do secretário de Minas e Energia, Efrain da Cruz.

A CCEE é uma associação privada, com cerca de 14 mil associados, que atua na contabilização das operações financeiras de praticamente todo o mercado energia no Brasil e movimenta mais de R$ 150 bilhões por ano.

Seu conselho tem cinco vagas. Por lei, o governo pode indicar o presidente, e o ministro de Minas e Energia, responsável pela seleção, costuma escolher o nome entre executivos com experiência no mercado. Os setores de distribuição, geração e comercialização têm, cada um, uma cadeira. Há ainda uma vaga para um nome de consenso, escolhido coletivamente pelos três setores.

A advogada Roseane Santos ocupava essa vaga. Com mais de 20 anos de experiência no setor, sua recondução era dada como certa, e muitos associados acreditavam que ela poderia ser indicada para a presidência. Seria a primeira vez que uma mulher comandaria a CCEE.

Na última hora, porém, Rose renunciou. A saída foi um arranjo entre o governo e os associados privados, que abriu espaço no conselho para o ingresso de Eduardo Rossi.

O nome foi defendido por Efraim da Cruz, secretário-executivo do MME. Rossi é especialista em regulação e atuou como assessor de Efrain quando foi diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Na votação que ratifica integrantes do conselho, todos os associados podem participar, mas quanto maior a empresa, maior o peso do voto. Executivos do setor contam que Efrain e políticos do centrão atuaram diretamente na defesa da candidatura de Rossi, entrando em contato com os associados.

A atual gestão do MME terá de decidir temas sensíveis, como renovação de novas concessões e novos leilões. Pessoas que acompanham a CCEE, e não querem ter o nome revelado, contam que foi impossível negar a sugestão.

A assembleia tinha como principal missão escolher o novo presidente do conselho, no lugar de Rui Altieri, cujo mandato se encerra.

Foi aprovado o nome de Alexandre Peixoto, que é o atual diretor de Relações Regulatórias e Institucionais da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), indicado pelo ministro Alexandre Silveira. Peixoto tem longa experiência no setor, com passagens pelo MME, Aneel e EPE (Empresa de Pesquisa Energética), mas não tem experiência nos negócios de compra e venda de energia, segundo integrantes do mercado.

Peixoto assumirá um mandato de quatro anos, com possibilidade de recondução por mais quatro.

O MME não tinha dado nenhuma sinalização mais concreta sobre quem indicaria para a sucessão. O mercado passou meses especulando vários nomes. A possível indicação de Peixoto também foi uma surpresa. Só entrou no radar dos executivos das empresas do setor nesta semana.

A 24ª Assembleia Geral Ordinária da CCE também elegeu Talisa Rezzieri, como nova integrante do Conselho Fiscal

Procurada, a assessoria de imprensa da CCEE disse que a entidade não comentaria bastidores da eleição. O MME não respondeu até a publicação deste texto.

O MME não tinha dado nenhuma sinalização mais concreta sobre quem indicaria para a sucessão. O mercado passou meses especulando vários nomes. A possível indicação de Peixoto também foi uma surpresa. Só entrou no radar dos executivos das empresas do setor nesta semana.

ALEXA SALOMÃO / Folhapress

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