FOLHAPRESS – Governo pede explicações à Hurb, montadora GWM define estreia no Brasil e o que importa no mercado.
**GOVERNO DÁ 48H PARA HURB SE EXPLICAR**
O governo dará 48 horas para a Hurb (antigo Hotel Urbano) comprovar que tem recursos para honrar com os pacotes comercializados.
Se não conseguir convencer as autoridades, a startup carioca pode ter as vendas suspensas e ser multada em até R$ 13 milhões.
O processo administrativo vem em meio a uma crise de imagem da empresa, relacionada a relatos de falta de pagamento para hotéis e pousadas, que cancelam as reservas e prejudicam a viagem de milhares de pessoas.
No primeiro trimestre deste ano, a Secretaria Nacional do Consumidor recebeu mais de 7.000 queixas contra a companhia no ano passado inteiro, foram 12 mil.
De janeiro a março, o site Reclame Aqui registrou cerca de 22 mil queixas contra a Hurb, quase o dobro do observado no mesmo período do ano passado.
O Procon-SP aponta 1.142 reclamações contra a empresa no mês passado, ante 209 em março de 2022.
A crise da Hurb foi agravada no início desta semana, quando o então CEO da startup, João Ricardo Mendes, xingou e ameaçou clientes nas redes sociais. Ele renunciou ao cargo na segunda (24).
A empresa tem um modelo de passagens flexíveis, com ofertas superpromocionais que não trabalham com datas exatas, mas períodos em que a viagem pode ser feita.
A Hurb verifica voos e diárias e envia as opções disponíveis em um prazo de até 45 dias antes da primeira data.
A Folha de S.Paulo ouviu clientes que tiveram problemas com pacotes de viagem comprados na companhia e tentam recuperar o dinheiro na Justiça.
Entre as reclamações, estão reservas que não foram feitas em hotéis e tentativas de reembolso sem resposta.
Em nota enviada à Folha de S.Paulo, a empresa afirma que vai conduzir diálogo de forma individualizada com cada parceiro da rede hoteleira que fez algum tipo de reclamação. Ela diz que conta com um setor de atendimento ao cliente para tirar dúvidas e ajudar com imprevistos.
**OS PLANOS DA GWM PARA O BRASIL**
A montadora chinesa GWM (Great Wall Motors) anunciou nesta quinta que vai começar sua produção de carros no Brasil em 1º de maio de 2024.
A expectativa é que os primeiros modelos sejam entregues a partir do segundo semestre do mesmo ano.
Na fábrica em Iracemápolis (SP), que era da Mercedes-Benz, serão produzidos inicialmente dois modelos que fazem parte do DNA da marca: uma picape e uma SUV.
A picape será a Poer, com capacidade para levar cerca de 1 tonelada de carga. Sem preço de venda definido, ela deve competir com picapes de porte médio, que usam diesel como combustível.
A SUV usará a mesma base tecnológica da nova Poer, compartilhando um motor que será movido a energia elétrica, etanol e gasolina.
Entenda: o modelo híbrido flex é o primeiro do tipo desenvolvido pela empresa e será a aposta inicial para o mercado brasileiro.
Também estão na pauta a versão híbrida plug-in, que pode ser recarregada na tomada e rodar até 170 quilômetros sem gastar combustível, e a versão 100% elétrica, projetada para mais adiante.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Oswaldo Ramos, chefe da montadora chinesa no Brasil, explicou a visão da GWM sobre os três modelos.
“Entendemos que o híbrido flex é muito bom para quem roda longas distâncias sem acesso a um carregador” afirmou.
“Já o híbrido plug-in é excelente para o dia a dia na cidade e, no fim de semana, permite fazer percursos maiores. Ele é flexível para os dois ambientes.Na outra ponta temos o carro 100% elétrico, ideal para quem só roda na cidade”, completou.
Não é só a GWM. A BYD, outra montadora chinesa, negocia há meses a compra de um complexo industrial que era da Ford na Bahia para montagem de sua primeira fábrica de carros elétricos no Brasil.
Um dos modelos cotados para produção nacional é o Yuan EV Plus, que já está à venda por R$ 270 mil, mas a intenção é barateá-lo com a fabricação nacional.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress