Saques na poupança ameaçam crédito imobiliário, diz presidente da Caixa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Caixa lançou nesta semana uma campanha para estimular o investimento dos brasileiros na poupança, mesmo em um momento no qual a aplicação apresenta um dos menores rendimentos dentro da renda fixa com a Selic em 13,75% ao ano.

Segundo a presidente do banco, Maria Rita Serrano, a campanha vem na esteira dos fortes resgates ocorridos na poupança ao longo dos últimos meses, uma vez que a caderneta representa, junto com o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), uma das principais fontes de captação para sustentar os financiamentos imobiliários realizados pelo banco.

“Com a taxa de juros altíssima, estamos tendo perdas na poupança. E, ao perder recursos em poupança, tornamos o investimento em habitação mais caro, já que temos que ir atrás de outros fundings mais caros para continuar financiando a habitação”, afirmou a executiva durante conversa com jornalistas nesta sexta-feira (12) para comentar os resultados do banco no primeiro trimestre.

A despeito da escalada da Selic, que saiu da mínima histórica de 2% em março de 2021 para os atuais 13,75%, a aplicação da caderneta segue com o rendimento inalterado em 6,17% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial).

A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic.

Frente à baixa rentabilidade, dados do BC mostram que a poupança sofreu um saque líquido de R$ 6,087 bilhões em março. No acumulado do primeiro trimestre, a aplicação já acumula resgates da ordem de R$ 51,233 bilhões.

“A poupança é uma opção segura que nao paga imposto de renda e é importante desenvolver a cultura da poupança”, afirmou a presidente da Caixa.

A executiva disse ainda que as discussões em curso no STF (Supremo Tribunal Federal) que tratam de uma possível alteração na remuneração do FGTS também podem resultar em um encarecimento do investimento público em habitação.

Se por um lado, individualmente, os trabalhadores podem ter um ganho maior, sob uma ótica do coletivo, a alteração pode prejudicar o fomento de políticas públicas, afirmou a presidente do banco.

“Estamos falando de um debate complexo, no sentido de que qualquer mudança na formulação da remuneração do FGTS pode ter impacto sobre os investimentos públicos”, disse Maria Rita.

LUCAS BOMBANA / Folhapress

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