“016 é nois”! Nascido em Ribeirão, João Pedro brilha no Fluminense

Jovem jogador subiu para o profissional nesse ano e pede passagem nas Laranjeiras e no mundo

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Foto: Lucas Merçon/ FFC

Provavelmente você já escutou falar do João Pedro, um jovem atacante, de 17 anos, que vem se destacando no Fluminense. O garoto estreou nesse ano (2019) no profissional e em nove jogos, nenhum como titular, marcou quatro gols e deu uma assistência. Os gols? Um foi contra o Flamengo e os outros três contra o Cruzeiro.

Na última partida, a goleada de 4 a 1 para cima do time mineiro, João Pedro fez dois gols em 25 minutos. A atuação rendeu ao atacante o prêmio de craque da rodada do Campeonato Brasileiro. Mas os torcedores cariocas não terão os gols de João Pedro por muito tempo. O garoto foi vendido para o time inglês Watford, ainda na categoria de base, e fica nas Laranjeiras até 2020.

Foto: Arquivo Pessoal

João Pedro sempre foi precoce. Natural de Ribeirão Preto, o garoto do bairro Lagoinha sonhava em ser jogador de futebol, nada de diferente dos meninos da sua idade. Mas ele carrega o DNA de um grande jogador, o volante que foi elogiado pelo Luxemburgo e marcou o Marcelinho Carioca, o Chicão. O ex-jogador fez parte do grande elenco de 2001, que ficou com o vice do Paulistão do mesmo ano. E o principal, tem uma mãe forte e guerreira, que pegou na mão do filho em busca de um sonho.

Em entrevista para o 22 em Campo desta terça-feira (21), Flávia contou o começo da carreira do filho e da sua luta para realizar o sonho dos dois. João Pedro começou no Botafogo aos cinco anos, mas como na escolinha a turma mais nova tinha sete anos, o garoto jogou com os mais velhos. Ele ficou por dois anos no Pantera, mas um imprevisto familiar o fez mudar de escolinha. “Na época, a avó dele fez uma cirurgia e o treino era a noite, então não tinha quem pudesse levar ele” relembra a mãe.

Foto: Arquivo Pessoal

Com horários incompatíveis, João Pedro começou a treinar em uma franquia do Santos, em Ribeirão Preto. Na escolinha do Peixe, ele ficou por quase um ano, até jogar pela franquia do Corinthians, também na cidade paulista. “Como o dono da franquia do Santos era o mesmo do Corinthians, e a escolinha era nova, o João teve oportunidade de disputar um torneio em Val Paraíso. Nesse torneio, o João Pedro se destacou e os olheiros do Fluminense chamou ele para fazer teste”, conta a mãe. No teste no Rio de Janeiro, o garoto precisou de um único treino para ser aprovado.

Com uma nova etapa, Flávia foi fundamental para a carreira do filho. Segundo ela, quando João Pedro foi aprovado, ela conseguiu transferência do emprego em Ribeirão Preto para o Rio de Janeiro, mas as coisas não foram fáceis. “A gente morava na região serrana, uma região ruim, com dificuldade de locomoção. Além disso, o João estava com problema de peso e eu acabei saindo do serviço para cuidar dele. Só que nesse período, perdi o aluguel da casa em Ribeirão, e o empresário que levou a gente para o Rio, não quis nos ajudar”, recorda Flávia.

Com a situação difícil e com o fim da ajuda de custo de R$300 oferecida pelo Fluminense, Flávia decidiu falar com Marcelo Teixeira, diretor da base na época. “Na hora que ele abriu a porta, eu abracei ele e comecei a chorar e fiquei umas três horas na sala conversando com ele e expondo toda dificuldade”. A partir disso, o Fluminense fez um novo contrato, Flávia arrumou um novo empresário e o João Pedro começava uma nova etapa em Xerém.

Foto: Arquivo Pessoal

Mesmo com o acerto financeiro, mãe e filho ainda tiveram momentos difíceis. “A maturação do João era um pouco baixa, porque ele ficou bastante tempo na reserva e ficava chateado. E eu sempre falava para ele continuar trabalhando e não desistir, porque uma hora a oportunidade iria chegar. E a oportunidade chegou. Em três jogos, ele fez 10 gols e desde então não tivemos problemas”, relata Flávia.

João Pedro pode ter sido precoce na carreira, mas mostra maturidade nesse momento de catarse com a sua projeção nacional e com a futura ida à Inglaterra. “É tudo muito novo para mim,até porque não é sempre que se faz dois gols contra o Cruzeiro. Mas eu estou tentando abaixar a euforia e me concentrar para quinta-feira, um jogo importante pela Sul Americana”, diz o jogador.

E em um momento de brilho, o garoto divide a felicidade com os seus. “Eu e a minha família estamos muito felizes e também meus amigos, a rapaziada de Ribeirão Preto, que estão comigo desde pequeno”, conta João Pedro. E entre abraços e agradecimentos, João Pedro enfatiza: “016 é nois!”.