Botafogo vota proposta que dá receitas a empresa de Adalberto Baptista

Trexx quer assumir parte das dívidas do Botafogo FC em troca de receitas das cativas; mudança na composição do Conselho de Administração da SA é parte da proposta

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Quase 60% dos que se inscreveram são isentos da taxa de inscrição

O Conselho Deliberativo do Botafogo Futebol Clube (BFC) se reúne, nesta segunda-feira (18), para deliberar sobre a proposta, feita pela Trexx, negócio comandado por Adalberto Baptista, que prevê a transferência de receitas do clube para a empresa. Em troca, a firma do sócio do Botafogo arcaria com parte das dívidas do BFC. Além disso, faz parte da proposta uma mudança na composição do Conselho de Administração da Botafogo Futebol SA (BFSA) na qual o BFC perderia uma vaga.

Atualmente, esse Conselho é composto por três representantes do Botaogo FC, que detém 60% da empresa, e por dois indicados pela Trexx, que detém 40% do negócio. Há ainda dois conselheiros independentes, sendo que cada sócio indicaria um.

Pela nova proposta, o BFC perderia uma cadeira, sendo o responsável por indicar dois conselheiros, enquanto a Trexx manteria duas indicações. Haveria ainda três independentes, sendo dois indicados pelo BFC e um pela Trexx, mas a empresa teria poder de veto nas indicações.  

Além disso, a Trexx assumiria as dívidas do BFC, em especial o Ato Trabalhista e o Refinanciamento de débitos com o governo federal, além das dívidas de dois contratos de mútuos que, juntos, totalizam perto de R$ 6,2 milhões, sendo um deles celebrado entre o BFC e a pessoa física de Adalberto Baptista e outro entre o BFC e a Trexx. Haveria ainda um outro mútuo, na casa dos R$ 1,7 milhão, que não entraria no acordo.

Na primeira conversa, a Trexx exigiu que todas as receitas atuais do Botafogo FC – cadeiras cativas, escolinha de futebol e Pantera Shop –seriam destinadas à empresa como contrapartida para o acordo. Com as negociações, entretanto, o item foi modificado e apenas as receitas das cativas entrariam no acordo.  A empresa também deixaria de fazer, pelo acordo, o aporte de R$ 120 mil mensais pelo uso de solo do estádio Santa Cruz.  

Bastidores

A reportagem do Grupo Thathi apurou, junto a grupos de conselheiros, que a proposta deve ser rejeitada. Oficialmente, ninguém quer comentar a proposta, que foi feita com condição de confidencialidade, mas a tendência é que os conselheiros do Botafogo recusem a proposta.

Deverá ser construída, entretanto, uma contraproposta, que deve ser enviada em aproximadamente dez dias ao Conselho Administrativo da Botafogo Futebol SA. Existe a expectativa de que um acordo possa ser costurado, segundo conselheiros ouvidos pelo Grupo Thathi.

Outro lado

O presidente do Botafogo, Dmitri Abreu, informou que a deliberação de hoje irá orientar a ação da diretoria do Botafogo Futebol Clube. “iremos acatar a decisão do Conselho, que é soberana. Quanto à proposta em si, por haver um termo de confidencialidade, não podemos falar muito”, disse.

Procurada, a BFSA não comentou. A reportagem também tentou contato com Adalberto Baptista, administrador da Trexx, mas ele não respondeu às mensagens deixadas em seu whatsapp.

Os contratos da BFSA

A nova proposta da Trexx é similar ao acordo, divulgado com exclusividade pelo Grupo Thathi, no qual a empresa abocanhou parte das receitas advinda da venda de alimentos e bebidas no estádio Santa Cruz e do aluguel dos novos bares inaugurados na Arena Eurobike.

Na ocasião, o Grupo Thahi demonstrou que, em troca de um aporte financeiro, as receitas passariam a entrar direto na conta da Trexx, e não mais na da BFSA. Esse contrato ainda é discutido no Conselho do Botafogo e a divulgação de sua existência levou a uma queda de braço entre a diretoria do BFC e Adalberto Baptista.