Seleção feminina de futebol dos Estados Unidos será remunerada igual ao time masculino

Em decisão histórica, a Federação Americana de Futebol (US Soccer) anunciou nesta terça-feira um acordo para pagar de maneira igualitária as seleções feminina e masculina. Segundo o jornal The New York Times, o acerto também prevê o pagamento de US$ 24 milhões (R$ 121,5 milhões) a um grupo de dezenas de jogadoras, incluindo ex-atletas, como forma de compensação pelos anos de desigualdade de gênero. A decisão é um avanço nesse sentido, e pode abrir caminho para que o mesmo ocorra em outras federações de futebol.

“A U.S. Soccer se comprometeu a oferecer a mesma remuneração às seleções masculina e feminina em todos os amistosos e torneios oficiais, incluindo a Copa do Mundo, a partir de agora”, informou a entidade em comunicado.

Apesar de a seleção feminina ser o carro-chefe do futebol dos EUA, com as mulheres tendo conquistado quatro vezes a Copa do Mundo e o ouro olímpico nos Jogos, a equipe recebia consideravelmente menos do que o time masculino, mero coadjuvante nas competições da Fifa. A discussão era antiga no país. Não estão descartada ainda a possibilidade de outras modalidades esportivas, como basquete, alcançar o mesmo.

Em 2019, o Sindicato das jogadoras da seleção americana entrou com uma ação por discriminação de gênero contra a US Soccer. A resolução desta terça-feira é parte do processo. Na ocasião, a estrela Megan Rapinoe acusou a federação de se “recusar obstinadamente” a pagar seus jogadores de forma justa. Rapinoe é uma das principais vozes do futebol feminino dos EUA e do mundo.

A equidade no pagamento era o principal entrave para o início de entendimento entre as partes. Segundo a publicação, a aplicação dos termos do novo trato está sujeita à ratificação de um acordo coletivo entre as jogadoras da seleção nacional e a Federação. A presidente dos US Soccer, Cindy Parlow Cone, ex-jogadora da seleção de futebol, disse em setembro que esperava “harmonizar” os bônus da Copa do Mundo para as seleções masculina e feminina, com o objetivo de resolver a disputa entre a instituição e as atletas.

“Obviamente, você não pode voltar e desfazer as injustiças que enfrentamos, mas a única justiça que vem disso é que sabemos que isso nunca pode acontecer novamente”, disse Rapinoe à ABC, chamando-o de “um grande dia”. Também entrevistado na ABC e aparecendo ao lado de Parlow, o atacante internacional Alex Morgan disse que o acordo é uma vitória para todas as partes envolvidas. “Este é um passo monumental que nos faz sentir valorizadas, respeitadas e repara nosso relacionamento com o futebol americano”, disse Morgan, que jogou 190 partidas pelo Stars and Stripes. “Não vejo isso apenas como uma vitória para nossa equipe ou para o esporte feminino, mas para todas as mulheres em geral.”

A Fifa, por exemplo, concedeu um bônus de mais de 32 milhões de euros à França durante a conquista do Mundial em 2018 no nível masculino, enquanto os americanos receberam 3,4 milhões de euros da mesma entidade pela conquista do prêmio mais alto em sua categoria em 2019. Os jogadores da seleção masculina dos Estados Unidos, eliminados nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2014, receberam 4,5 milhões de euros, enquanto suas compatriotas femininas receberam apenas 1,45 milhão pela vitória na competição.

Agência Estado

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